Diretor da AUF traz à UFPE contribuições para o debate sobre o futuro da universidade

Pesquisador disse que somente com investimentos maciços na pesquisa a universidade pode promover sua missão maior

Com o propósito de apresentar as atividades da Agência Universitária da Francofonia (AUF)e contribuir com temas para o debate sobre o futuro da universidade na América Latina e Caribe, o diretor da instituição para a região, Gilles Mascle, defendeu, durante conferência realizada ontem (20), na Reitoria da UFPE, maior autonomia jurídica e financeira paras as instituições federais de ensino superior (Ifes) e destacou que somente com investimentos maciços na pesquisa a universidade pode promover sua missão maior. “O papel da pesquisa no ensino superior é o de criar e renovar os saberes sobre o mundo e a sociedade a fim de nutrir a reflexão sobre o ensino e os saberes que são ensinados”, afirmou.

Missão da instituições de ensino superior é debatida 

Para o reitor Anísio Brasileiro, cicerone do evento, “é fato que há uma ameaça real à universidade pública na América Latina”. E, com umas das causas do problema ele aponta que a educação está sendo conduzida com um produto de mercado e que a regulação da atividade do professor na universidade é anacrônica, “propiciando a ascensão docente sem ser necessariamente por mérito”. Anísio defendeu, também, a necessidade de uma “mudança na cultura e buscar recursos na iniciativa privada e em instituições públicas”.

Gilles Mascle fez um retrospecto histórico para explicar o processo por que passa o ensino público superior e resgatou as atuações da ex-primeira-ministra inglesa, Margaret Thatcher e do ex-presidente norte-americano Ronald Reagan. Para Mascle, ambos foram responsáveis pela onda liberal que varreu o mundo e influenciou o governo do ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso e outros governos latino-americanos a impulsionar o que classifica de “política de massificação do diploma” com as escolas privadas.

O pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da UFPE, Thiago Neves, contribuiu com o debate afirmando que a crise institucional das Ifes é, também, de representatividade. “Temos que nos unir a partir do conhecimento de que a universidade tem poder de mudança”, disse. Segundo Neves, a internacionalização é uma necessidade, mas atualmente é muito difícil a universidade conseguir recursos para, no mínimo, custear as passagens de professores estrangeiros ao Brasil. Essas críticas e reflexões, segundo Anísio Brasileiro, serão de grande valia para a UFPE elaborar o documento final que levará para a III Conferência Regional de Ensino Superior (Cres 2018)  , em junho de 2018, em Córdoba (Argentina).

AGÊNCIA – A AUF é uma associação mundial de instituições de ensino superior e de pesquisa francófonos criada há mais de 50 anos. Reúne mais de 800 instituições acadêmicas em cinco continentes em mais de 100 países. A missão da AUF é promover uma francofonia universitária solidária comprometida com o desenvolvimento cultural, econômico e social.

Desafios da educação superior são destaque em conferência

Fonte: Ascom UFPE

Foto: Passarinho