Em Aula Magna na UNILA, Pepe Mujica fala sobre integração da América Latina e participação dos jovens nesse processo

Em aula magna de abertura do ano letivo da UNILA, o senador e ex-presidente do Uruguai, José Alberto Mujica, chamado carinhosamente de Pepe Mujica, falou sobre os desafios da integração na América Latina. A aula foi proferida na manhã da última terça-feira (15), no Cineteatro dos Barrageiros, para cerca de 1.100 pessoas – outras 300 acompanharam a palestra de um pavilhão ao lado, onde foi instalado um telão. O evento também foi transmitido online e está disponível no canal da UNILA no Youtube (https://www.youtube.com/user/younilatube). Mujica veio a Foz do Iguaçu a convite da UNILA, Itaipu Binacional e Parque Tecnológico Itaipu. Antes, concedeu entrevista coletiva a veículos de imprensa do Brasil e do exterior, acompanhado do reitor da UNILA, Josué dos Passos Subrinho, e do representante-geral do Mercosul, Florisvaldo Fier – o Dr. Rosinha -, que apoiou a vinda de Mujica à cidade.

Acompanhado pela esposa, a senadora uruguaia Lucía Topolansky, Mujica deu boas-vindas aos acadêmicos e à comunidade universitária, lembrando que esta geração nasceu em uma época de intensa troca de informações, do conhecimento digital e da internet. “Terão amigos a distância, que sequer conhecem. Vão gerar conhecimentos, também a distância. Viverão em um mundo de multidões, conhecerão a dor e a solidão dentro da multidão. E terão responsabilidades”, disse.

Mujica lembrou a história da integração dos povos na América Latina. “Nossa história como latino-americanos começou há 35 ou 40 mil anos, quando um punhado de pessoas cruzou o estreito de Behring. Levou um tempo até chegar à Terra do Fogo. Depois, fomos o impacto de nações feudais, que saíram para colonizar e não para descobrir o mundo, e trouxeram consigo sua cultura feudal”, sintetizou o ex-presidente.

De acordo com Mujica, por um período de aproximadamente 200 anos os países latino-americanos não se conheciam. Não existiam fluxos significativos, nem de pessoas, nem de comércio. “Nossas economias e relações estavam voltadas a outras partes do mundo. No campo da educação, por exemplo, o Brasil só teve uma universidade por volta de 1920. O que pensava a oligarquia brasileira? Mandava seus filhos estudar na Europa”, disse. E dessa forma, lembra ele, a integração latino-americana acontecia com a Europa.

Em relação à política, Mujica afirmou que os agentes políticos devem se sobrepor aos econômicos, responsáveis pela desintegração. “Há muitos lutadores sociais e políticos na história da América, que discutiram formas de integração. Mas a economia não dá bola a poetas, a filósofos e, muito menos, a governantes”, coloca. Por fim, lembra da importância do tempo e da vida em nossa sociedade. “O bem mais precioso que temos é a vida. Quando você compra algo, não compra com dinheiro, e sim com o tempo de sua vida que dedicou para conseguir esse dinheiro. Melhor não viver para pagar contas. É necessário lutar para que todos da sociedade trabalhem menos horas e por mais justiça”, colocou.

Após a aula inaugural, Mujica cumpre agenda de atividades com a direção da Itaipu. Ele retorna ao Uruguai no dia 17.

ASCOM – Universidade Federal da Integração Latino-Americana

FOTO: ASCOM UNILA