Ensino à distância cresce fora do Sudeste

Instituições privadas miram o aumento da renda no Nordeste, no Norte e no Centro-Oeste ao planejar expansões

 

Modalidade reúne hoje quase 1 milhão alunos de graduação, segundo dado mais recente do Ministério da Educação

De olho no aumento da renda em regiões emergentes como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, instituições privadas que atuam com ensino à distância investem na expansão da oferta de cursos de graduação e também de pós.

 

A educação à distância (EAD) no país já é responsável por 930 mil alunos de graduação, segundo o mais recente censo do Ministério da Educação, referente a 2010.

 

O número equivale a um sexto do total de 5,4 milhões de estudantes do ensino presencial.

 

Dos alunos de educação à distância, 75% estão no eixo Sul-Sudeste, o que confirma o potencial inexplorado de outras regiões.

 

“O ensino à distância no Norte e no Nordeste já tem crescido, em termos percentuais, mais do que nas outras regiões”, afirma Luciano Sathler, diretor da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed).

 

No ano passado, a mineira Kroton, um dos principais grupos educacionais privados do Brasil, foi protagonista do maior negócio do setor ao comprar, por R$ 1,3 bilhão, a Unopar, do Paraná.

 

A compra colocou o grupo na primeira posição no mercado de ensino à distância do país, com uma rede de 469 polos já credenciados pelo MEC, e a meta é superar os 200 mil alunos neste ano.

 

AMPLIAÇÃO

A Kroton se prepara, agora, para usar as escolas de educação básica da rede Pitágoras para transformá-las, também, em polos de EAD.

 

Segundo o presidente da Kroton, Rodrigo Galindo, são 777 escolas parceiras que podem passar a oferecer aulas de graduação e pós por meio do EAD -a meta até janeiro de 2013 é converter 250 delas.

 

No Uniseb COC, o objetivo é “nacionalizar” a expansão da rede, afirma Jeferson Ferreira Fagundes, pró-reitor de educação à distância.

 

Atualmente com 34,5 mil alunos e foco maior no Sudeste, o objetivo é atingir 50 mil no próximo ano. “O Nordeste passa por um crescimento de renda significativo e se transformou num foco importante”, diz Fagundes.

 

Na FGV, o número de alunos em cursos de longa duração no ensino à distância já equivale ao total do presencial -cerca de 40 mil.

 

A graduação tecnológica tem hoje nove polos, mas a instituição aguarda liberação para chegar a 35 unidades. Na pós, a FGV já tem 160 classes funcionando em cidades de todas as regiões.

 

No caso da FGV, diz o diretor da FGV Online, Stavros Xanthopoylos, onde os cursos à distância custam de 60% a 80% do preço dos tradicionais, a rentabilidade ainda é maior no presencial.

 

Fonte do setor, porém, afirma que faculdades conseguem ter uma margem de lucro pelo menos 5% maior no EAD do que no mesmo curso presencial.

 

PRECONCEITO

Apesar do crescimento do número de alunos no ensino à distância, o preconceito em relação à modalidade ainda existe, afirma Sathler, da Abed.

 

Mas essa visão negativa, segundo Sathler, tende a diminuir com o aumento do número de formados nessa plataforma. “O mercado percebe qual é a [escola] boa e qual é a de má qualidade”, diz.

 

Para Xanthopoylos, da FGV Online, o preconceito é maior em relação aos cursos de graduação do que em relação aos de pós-graduação e de extensão.

 

Ele afirma, no entanto, que a qualidade do EAD nas instituições sérias vem sendo confirmada por ferramentas de avaliação do próprio MEC.