Estudantes não conseguem se inscrever no Sisu por problemas no Enem e ficam fora da disputa

RIO – Enquanto milhares de estudantes aguardam a terceira e última chamada do Sisu esperançosos de conseguir uma vaga em uma universidade federal, o carioca Ricardo Nobre e o baiano Filipe Brito de Souza não tiveram nem a chance de se inscrever. Ricardo está naquele grupo que teve o teste do segundo dia de Enem anulado, sob a alegação do MEC de que não marcou a cor de sua prova no cartão-resposta.

No caso de Filipe, o seu número de inscrição veio incompleto no cartão de confirmação. Em vez de 12 algarismos, o seu possuía apenas 11. Quando foi se inscrever no ProUni, o estudante de 20 anos conseguiu descobrir o algarismo que faltava através da tentativa e erro.

– No Sisu, eu tentava acessar a página, mas estava muito lento. Quando eu conseguia entrar e colocava o meu número de inscrição e a senha, dava erro. Liguei para o telefone de atendimento e me disseram para continuar tentando, pois o problema seria da lentidão. Eu ficava tentando, e o meu tempo esgotava. Depois, vi com um amigo que o correto eram 12 números. Na inscrição do ProUni, eu fui simulando até dar certo – conta Filipe, que sonhava conseguir uma vaga no curso de Arquitetura na Universidade Federal da Bahia, em Salvador, ou em alguma federal em Minas Gerais.

O MEC jogou o problema para o colo do estudante. Segundo o ministério, o número de inscrição correto poderia ser consultado por meio do telefone de atendimento do órgão e também através da internet, com CPF e senha. A checagem dos dados, portanto, deveria ser do próprio estudante.

Já Ricardo Nobre, de 24 anos, recorreu à Justiça para ter o direito à vista de prova. Na semana passada, seu advogado Alexandre Pandim conseguiu liminar, concedida pelo juiz Alexandre da Silva Arruda do 5 Juizado Especial Federal do Rio de Janeiro, determinando que Ricardo tivesse acesso ao cartão-resposta.

Diante da intimação, o Inep enviou por fax cópias do cartão-resposta e da redação, mas Ricardo não conseguiu enxergar a marcação da prova amarela, que ele garante ter assinalado. A Megazine teve acesso ao processo e confirmou que a parte referente à marcação das cores está apagada e ilegível.

– Estava analisando a cópia e o que achei mais estranho é que a parte onde as cores vêm escritas está toda apagada. Quero o cartão original ou que minha prova seja corrigida como amarela – reivindica Ricardo.

A Megazine também pediu a três professores de redação, um deles ex-corretor do Enem e outro da UFRJ, para avaliar a redação de Ricardo. Eles atribuíram notas entre 500 e 600. Na sexta-feira, o advogado de Ricardo requereu na Justiça o cartão original ou outra cópia legível. Procurado, o Inep informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “questão judicial se responde na Justiça”.