Estudo proposto por pesquisadores da UNIFAL-MG pretende descobrir novas moléculas no tratamento da infecção causada pela Covid-19

Um projeto desenvolvido no Laboratório de Pesquisa em Química Medicinal (PeQuiM) da UNIFAL-MG que pretende descobrir novas moléculas capazes de atuar sobre a Covid-19, tipo de pneumonia grave causada pelo novo vírus SARS-COV-2, foi contemplado em chamada interna do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Fármacos e Medicamentos (INCT-INOFAR) e receberá recursos para desenvolvimento.

Intitulada “Prospecção de novos ligantes antivirais e anti-inflamatórios capazes de atuar contra infecções respiratórias do tipo Covid-19”, a pesquisa é coordenada pelo professor Claudio Viegas Jr., do Instituto de Química, e conta com uma equipe multidisciplinar constituída por pesquisadores de diferentes níveis no PeQuiM, incluindo os discentes Caio Miranda Damásio, Isabella Marie Fernandes Silva e Thâmara Gaspar Campos, da Iniciação Científica; e as pós-doutorandas Vanessa Silva Gontijo, do Proprama de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF), e Flávia Pereira Dias Viegas, do Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ).

O estudo tem a colaboração da professora Patrícia Dias Fernandes, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ; e do professor Hermes Neubauer de Amorin, coordenador do Laboratório de Bioinformática Estrutural da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-RS) e CEO da In Silico Solutions – Chemical and Toxicological Predictions.

Segundo explica Prof. Claudio, “ligantes” é um termo utilizado para moléculas/substâncias que interagem com uma determinado alvo no organismo, porém, que ainda não podem ser chamados de fármacos, uma vez que precisam de avaliação pré-clínica quanto à eficácia, à toxicidade, entre outros aspectos. “Neste caso, podemos chamar de substâncias com propriedades antivirais”, diz. “A pesquisa será baseada no estudo de uma quimioteca de mais de 70 moléculas bioativas inéditas, de diferentes classes químicas, visando à identificação de substâncias capazes de representar inovação no tratamento de manifestações fisiopatológicas associadas a processos inflamatórios do sistema respiratório, a exemplo das pneumonias causadas por infecções virais do tipo Covid”, detalha.

Previsto para ser desenvolvido em três frente de trabalho, o projeto contará primeiro com a avaliação computacional, por meio de técnicas de bioinformática, quanto à capacidade das moléculas que já foram sintetizadas em outros projetos. “Já temos moléculas sintetizadas na quimioteca do nosso laboratório para verificar a capacidade de algumas se ligarem a proteínas já conhecidas do vírus ou capazes de inibir proteínas humanas que são reconhecidas pelo vírus para invasão das células”, conta Prof. Claudio.

Em um segundo momento, conforme o pesquisador, as moléculas serão triadas em modelos animais de inflamação pulmonar e de sepse para que a equipe possa verificar a capacidade das mesmas interferirem no processo inflamatório. “A partir daí selecionaremos as mais promissoras para investigarmos possíveis mecanismos de ação, de eficácia e toxicidade”, esclarece.  A parte bioinformática será realizada em parceria com o professor Hermes Amorim, da ULBRA-RS, e a parte da farmacologia será conduzida pelo grupo da professora Patrícia Fernandes, do ICB-UFRJ.

“As substâncias mais promissoras em cada caso serão produzidas em maior quantidade e modificadas no nosso laboratório para garantir as etapas futuras de avaliação dos efeitos antivirais e anti-inflamatórios, buscando também novos derivados que possam ser mais eficientes, seguros e adequados ao desenvolvimento farmacêutico”, informa o professor sobre a terceira etapa do trabalho.

Os recursos destinados à pesquisa são na ordem de R$ 15 mil, valor pouco expressivo, em função do CNPq ainda não ter liberado a maior parte dos recursos aprovados. “O montante é reduzido, considerando o custo de uma pesquisa deste porte, mas será importante para que o laboratório possa manter as atividades básicas e a compra de alguns insumos e animais de experimentação”, ressalta.

Ao comentar o tempo estimado para pesquisa, Prof. Claudio diz que a proposta foi delineada para que o grupo tenha os primeiros resultados em alguns meses, com possibilidade de conseguir até mesmo já em julho, no entanto, o estudo dependerá do retorno das atividades nos laboratórios da UNIFAL-MG e da UFRJ, nos quais serão feitos os experimentos multidisciplinares e que dependem mais da infraestrutura das universidades funcionando. “Cremos que em 12 meses teremos resultados promissores que poderão avançar na direção de alguma nova substância promissora e que desperte interesse do setor farmacêutico”, anuncia.