Federal do ABC amplia internacionalização

O alemão Klaus Capelle, futuro reitor da UFABC, tem como missão reforçar a presença no exterior da instituição: “Universidade que não se internacionaliza não gera conhecimento à altura do século XXI”

A Universidade Federal do ABC (UFABC) tem só sete anos de funcionamento. Parte de seus prédios, laboratórios e salas de aula no campus-sede de Santo André e na unidade de São Bernardo do Campo não está completamente pronta, obrigando alunos, professores e funcionários a conviver com transtornos causados por obras atrasadas. Ainda assim, a instituição apresenta bons conceitos em indicadores acadêmicos oficiais e vem galgando posições em rankings universitários no Brasil e no exterior.

Seu maior destaque nessas classificações é no quesito internacionalização. A UFABC é a primeira do Brasil. Tem uma área de relações internacionais atuante no fechamento de acordos de cooperação acadêmica com universidades estrangeiras – atualmente são parcerias com instituições de mais de 20 países, em todos os continentes. Dos quase mil alunos da pós-graduação, mais de 50 são do exterior. Dos 506 professores concursados, 63 são estrangeiros, a maioria com histórico profissional no Brasil e fluente em português. Mas o objetivo é avançar na barreira do idioma, lançando concursos públicos completamente em inglês para docentes e incluir aulas ministradas também em inglês na grade curricular. Além disso, a instituição vai abrir um centro de idiomas para alunos e funcionários e terá um reitor alemão em 2014.

De acordo com o Ranking Universitário Folha (RUF), no indicador internacionalização a federal do ABC aparece à frente da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A posição é valiosa para qualquer universidade atualmente. Esse conceito considera o intercâmbio internacional constante de alunos, professores e pesquisadores, produção e publicação de trabalhos em nível mundial e ações globais de cooperação acadêmica com universidades e empresas estrangeiras para o desenvolvimento de pesquisas.

No âmbito do ensino superior no mundo todo, o grau de internacionalização está diretamente associado à excelência acadêmica. Simplificando: as universidades mais internacionalizadas são aquelas que conseguem ir além de fronteiras para atrair as melhores cabeças. “É um conceito relativamente novo no Brasil, mas presente há muito tempo em instituições renomadas. É perceptível quando você circula nos campi de Harvard, do MIT, de muitas universidades europeias: se vê gente muito diferente se integrando, trocando conhecimento em alto nível”, diz Eduardo Guéron, professor de relações internacionais da UFABC.

O físico colombiano Juan Diego, de 27 anos, decidiu fazer o mestrado no país. Ele descartou a USP e a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) para conduzir sua pesquisa sobre informação quântica na UFABC. “O Brasil passa por um momento de desenvolvimento muito grande na área de ciência e tecnologia. No meu ramo da informação quântica, o país tem bons pesquisadores. Escolhi a UFABC por causa disso e porque os professores aqui têm permanente comunicação com pesquisadores da mesma área em países que estão na ponta da pesquisa”, conta Diego.

Falando em portunhol, o jovem, que assiste à grande maioria das aulas em português, explicou que, na sua área da física, a USP e a Ufscar têm perfis de pesquisa mais experimentais. “Quero ir além da prática de aplicar ferramentas da MECânica quântica em sistemas de computação. Meu trabalho é mais teórico”, acrescenta.

Curiosamente, a comunidade acadêmica da UFABC escolheu um estrangeiro para ser o próximo reitor. Há 16 anos no Brasil, o alemão Klaus Capelle, professor de física na federal do UFABC desde 2008, foi o mais votado para a sucessão do atual reitor, Helio Waldman. O acadêmico alemão agora espera a nomeação do Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para assumir o cargo este ano.

A internacionalização da UFABC está na lista de prioridades do futuro reitor. “Conhecimento não respeita fronteiras. O conhecimento desenvolvido em um país pode ser aplicado em outro país, os profissionais de um país podem ser empregados em outro. Uma universidade que não se internacionaliza não poderá competir em ensino, não vai gerar um conhecimento à altura do século XXI e não vai formar profissionais à altura do mercado de trabalho internacionalizado”, complementa Capelle.

Além de ter trabalhado na USP de São Carlos como pesquisador e professor por 12 anos, Capelle acumula experiência em universidades da Alemanha, Dinamarca, Inglaterra, Suécia e dos Estados Unidos. “Por onde passei nunca encontrei uma universidade tão dinâmica e inovadora como a UFABC. Isso tem a ver com o projeto pedagógico e também com a juventude do nosso corpo docente, que tem idade média em torno de 40 anos”, afirma Capelle.

O futuro reitor também fala de um “desafio híbrido”, que é conciliar avanço acadêmico e de infraestrutura. Entre 2009 e 2010, a área construída da UFABC passou de 15 mil m2 para 96 mil m2. Os dois blocos de edifícios do campus-sede em Santo André são modernos e imponentes, destoam da paisagem de fábricas degradadas e de prédios residenciais insossos da Avenida do Estado. Internamente, as salas de aula e os laboratórios são amplos, com mobiliário e equipamentos novos – muitos ainda encaixotados. Devido a obras, biblioteca, administração e alguns cursos funcionam em locais provisório. A instituição também não conseguiu construir residências estudantis e oferece bolsas de estudo para alunos mais pobres pagarem aluguel na região.

O modelo pedagógico da UFABC, centrado na formação geral, quadrimestral, dos bacharelados interdisciplinares, desperta interesse de universidades tradicionais. Marco Antonio Zago, novo reitor da USP, acredita que a graduação da instituição que irá comandar a partir deste mês perdeu qualidade e precisa ser “reformada”. Nessa reforma, disse ao Valor, é necessário dar mais autonomia e liberdade para alunos montarem suas grades curriculares, com a possibilidade de cursar disciplinas em diferentes faculdades nos anos iniciais e adotar uma formação específica nos anos finais, como funciona há sete anos na UFABC.

Zago citou como “referencial” a proposta pedagógica da federal. O futuro vice-reitor da USP, Vahan Agopyan, participou como colaborador da formulação do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFABC, documento que traça diretrizes e metas até 2022.

A direção da federal atribui o reconhecimento conquistado nos últimos sete anos aos bacharelados e à qualificação de seus atuais 506 professores, todos titulados doutores. Nos corredores do campus de Santo André é difícil encontrar alunos que desaprovem os docentes, mas eles pesam prós e contras quanto ao sistema de aulas.

“Tem gente que prefere seguir algo mais tradicional, semestral, com uma grade fixa de matérias. Isso ajuda quem não tem muita organização. O problema é que às vezes até a universidade se atrapalha e fica devendo aulas, que são normalmente mais enxutas porque tem muito trabalho e estudo para o aluno tocar sozinho. Eu sou organizada, mas preferiria uma grade fechada, seria melhor. O conteúdo seria passado de maneira mais densa e nos prepararíamos melhor”, conta Elisangela de Almeida Carvalho, de 25 anos, aluna do último ano do bacharelado interdisciplinar de ciência e tecnologia.

O colombiano Juan Diego preteriu USP e Ufscar e escolheu fazer o mestrado em informação quântica na UFABC

A estudante, que não trabalha, fica na universidade praticamente o dia inteiro. “É puxado, criei um horário para não ficar muito sobrecarregada. Optei por assistir às aulas à tarde e à noite e trabalhar no laboratório de manhã”, diz. Ela escolheu a UFABC para estudar química, mas só vai entrar na formação específica de sua futura profissão no ano que vem. “Primeiro vou ter um diploma de bacharel, só depois terei um outro diploma de química depois de mais um ano de curso. Se eu quiser, ainda posso mudar de ideia e ir para alguma engenharia na formação específica”, explica Elisangela.

Kelly Annes, de 26 anos, prestou o primeiro vestibular da UFABC em 2006 e está lá até hoje. Busca seu terceiro diploma e o título de mestre. Se formou no bacharelado de ciência e tecnologia, em seguida concluiu a formação específica em ciências biológicas. Hoje faz, ao mesmo tempo, a licenciatura em biologia e o programa de mestrado, conduzindo uma pesquisa sobre reprodução animal. “Num primeiro momento fiquei bem desesperada, como todo mundo que estuda aqui. A transição ensino médio-bacharelado não é muito suave, porque você não está acostumada a ter sua autonomia, tomar conta do seu caminho, estudar, e muito, por conta própria”, diz Kelly.

A mestranda Renata Prado Palma está na fase final de sua pesquisa sobre biologia do metabolismo, cujo enfoque é a leptina, o hormônio da saciedade. Ao fim do mestrado ela quer aplicar a experiência acadêmica no mercado de trabalho. “É um projeto muito inicial, mas se no futuro nosso estudo realmente se confirmar podemos trabalhar com a elaboração de um medicamento para emagrecer”, exemplifica a pesquisadora, que está confiante: “Temos contato com muita gente. Pesquisador daqui sai bem quisto pelo mercado.”

Atualmente, dos 8 mil alunos da graduação da UFABC apenas 325 fazem estágio. Cerca de 300 deles são dos cursos de engenharia. José Carlos Lucio, diretor-executivo da Agência Brasileira de Estágio (Abre), acredita que, como a instituição só tem sete anos, poucas empresas a conhecem. Além disso, diz ele, poucos alunos se cadastram nas agências de intermediação de estágio. Lucio conta que dos 13,6 mil alunos da Metodista, universidade particular tradicional do ABC paulista, mais de 4,3 mil alunos estão cadastrados na Abre. A lista dos alunos da UFABC que buscam estágio por meio da agência tem apenas 233 nomes.

O reitor Helio Waldman reconhece que o modelo pedagógico da instituição precisa ser melhor assimilado pelas empresas. “O valor da formação geral pode não ser o mais importante para o primeiro emprego, mas é mais importante para a empregabilidade. É uma grande diferença entre os séculos XX e XXI: no século XX não se falava em empregabilidade. O sujeito se formava, arrumava um emprego e estava tudo certo, ia ficar a vida toda naquele trabalho. Hoje o mercado de trabalho é muito mais volátil, a ideia da formação geral é dar mais autonomia intelectual para sobreviver nesse ambiente.”

A proposta pedagógica da federal foi aprovada pela Mercedes-Benz do Brasil. Segundo o gerente de recursos humanos Carlos Ferreira Manaia, a montadora vai renovar o contrato de 13 estagiários da UFABC neste ano, de um total de 120 renovações.

O executivo diz que a flexibilidade de o estudante poder escolher disciplinas opcionais a serem cursadas é uma vantagem no estágio, além de ser proveitosa para a empresa. “Os alunos modularizam o curso. Isso é muito legal para a gente. Se nosso estagiário na área de desenvolvimento de produtos é aluno da engenharia MECânica de uma universidade comum, ele não tem como escolher a matéria específica de desenvolvimento. Com o estudante da federal do ABC é diferente: ele pode optar por essa disciplina e nós até orientamos que ele faça isso, pois vai acrescentar no desempenho dele aqui na Mercedes”, conta Manaia.

Luciano Máximo | De Santo André (SP) – Valor Econômico (SP)

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