Fraude no Enem suspende provas e investigações já começaram

O ministro da Educação Fernando Haddad e o presidente do Instituto de Pesquisas Educacionais (Inep) Reynaldo Fernandes concederam entrevista coletiva às 12h de hoje (01), na sede do Ministério, em Brasília, sobre o adiamento da aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Confira a nota oficial da Andifes sobre o cancelamento do Enem.

O ministro Fernando Haddad relatou os acontecimentos desde às 21h30 do dia 30 de setembro, quando foi contatado pela jornalista Renata Cafardo, do jornal “O Estado de São Paulo”. A oferta da prova do Enem chegou à jornalista por um e-mail e ela se encontrou com duas pessoas que tinham um exemplar impresso da prova do Enem, oferecendo-o por R$ 500 mil. Segundo o ministro, a jornalista manuseou as provas e descreveu os itens ao Ministério, que confirmou “fortes evidências” do furto do exame.

Por volta de 1h30, por solicitação do ministro, o presidente do Inep confirmou à jornalista do Estadão o cancelamento do Enem, segundo Haddad, para “não colocar em risco a credibilidade do Exame”. Os itens desta prova já estão fora do banco de questões do Inep.

Agora, o MEC estabeleceu uma divisão de trabalho: o Inep deve cuidar da nova prova, que já está pronta, mas que requer uma nova logística de organização e aplicação. O gabinete do Ministério está encarregado de, juntamente com a Polícia Federal e o jornal Estado de São Paulo, apurar o caso. Haddad informou que o inquérito já está aberto.

Investigações
Na tarde desta quinta-feira (1) a equipe do MEC terá uma reunião com o consórcio responsável por toda logística de impressão, distribuição e aplicação das provas do Enem, a empresa baiana “Consultec”.

Haddad explicou que não há provas impressas do Enem no Inep. Os exames são guardados em cofre, em formato digital e saíram de lá em um disquete que foi entregue há cerca de um mês para impressão. Questionado sobre a suspeição acerca da Gráfica, o ministro afirmou que não se pode excluir nenhuma possibilidade, mas que isso é “assunto de polícia” e ele não tem competência para apontar indícios.

Segundo o ministro e o presidente do Inep, toda a logística do processo é acompanhada pelo MEC e pela Polícia Federal e até o dia de ontem (30) não havia nenhum indício de fraude. “A logística do Enem é muito complexa. Ele distribuirá as vagas do Prouni e selecionará estudantes para 50 mil vagas em instituições públicas de Ensino Superior”, afirmou o ministro, ressaltando que em onze anos de realização do Enem, nunca ocorreu nada semelhante.

Os representantes do Ministério não sabem em que ponto ocorreu o vazamento da prova do Enem. Os exames estavam em processo final de impressão e a distribuição já tinha sido iniciada em alguns estados, como no Norte do país. São Paulo seria o último estado a receber as provas, porque era o mais próximo da Gráfica Plural, a contratada do Consórcio para realizar a impressão do material.

Nova logística
A realização do Enem custa cerca de R$ 180 milhões. De acordo com o ministro, 30% deste valor é referente à impressão e 70% destinado à locação de instalações e pagamento de fiscais de prova. Ainda não se sabe quem arcará com os custos de uma nova operação: “Vamos apurar as responsabilidades”, afirmou Haddad.

A licitação para escolha do responsável pela aplicação do Enem teve apenas um candidato, o que dificulta a contratação emergencial de um segundo colocado. A consultoria jurídica do Inep analisa, na tarde de hoje (1), os procedimentos para nova realização do exame, que deve continuar sob a coordenação do mesmo consórcio.

O ministro da Educação informou que a nova prova do Enem deve ser aplicada no mês de novembro e que os estudantes não ficarão prejudicados. “Já entramos em contato com os reitores. Tínhamos uma folga no calendário e vamos fixar uma nova data”, explicou o ministro.

 

Foto: Agência Brasil