Funcionários de universidades federais protestam contra corte orçamentário no Centro do Rio

Com greves que passam de dois meses, cinco instituições já adiaram a volta às aulas no país

RIO — Centenas de estudantes e funcionários de universidades federais em greve foram ao Centro do Rio de Janeira na tarde desta quinta-feira protestar contra a precarização do ensino e o corte de R$ 9,42 bilhões na educação. A mobilização acontece alguns dias após UFRJ e UFF anunciarem a suspensão da retomada do segundo semestre letivo até o fim das paralisações, medida que também foi adotada pela Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e pela Universidade Federal da Grande Dourados, no Mato Grosso do Sul. Já a Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, adiou para 24 de agosto o início das aulas, que anteriormente estava previsto para o próximo dia 3.

De acordo com o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFF, Pedro Rosa, como o governo não tem cedido às reivindicações, a mobilização está ganhando cada vez mais força. Segundo ele, a adesão é de 100% entre os sindicatos referentes à categoria, com um quadro geral de 80% dos trabalhadores de braços cruzados no momento.

— Na UFF estamos em greve desde 28 de maio. O governo efetuou apenas duas reuniões, e não apresentou uma proposta melhor do que o aumento de 21% parcelado em quatro anos, o que equivaleria à metade do índice da inflação. Não vamos aceitar isso — disse ele.

Representantes dos professores também pediram mais diálogo com o governo:

— Protocolamos nossa proposta em março e até agora o ministro da Educação, Renato Janine, não nos recebeu. Queremos que nossa carreira seja valorizada e os investimentos, retomados — pontuou a presidente da Associação dos Docentes da UFF, Renata Vereza.

Sobre a suspensão do início do semestre letivo, ela afirmou ser a melhor opção para os alunos no atual contexto.

— É uma medida importante para que a gente possa repor as aulas com qualidade depois. Além disso, esse atraso não pode ser mais prejudicial do que ficar sem sala de aula ou biblioteca — comparou.

Para o presidente da Associação de Docentes da UFRJ, Cláudio Ribeiro, 2015 tem sido “um dos anos mais agressivos para a educação”.

— Se o MEC não recuar nos cortes anunciados, as instituições não terão como chegar até o fim do ano. Por isso, esperamos que a pasta seja sensível às nossas reivindicações — ponderou.

Por meio de nota, o MEC informou que o secretário de Educação Superior, Jesualdo Farias, se reuniu com todos os 63 reitores das federais para debater prioridades e orçamento. A pasta também disse acompanhar a situação por meio de diálogo intenso com os reitores. “No entanto, é importante frisar que as instituições federais têm autonomia financeira, administrativa e de calendário acadêmico.”


O Globo