Haddad diz que supervisão de cursos superiores continuará sendo feita por meio do Enade mesmo após suspeita de fraude

BRASÍLIA – O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (7) que a supervisão dos cursos de ensino superior continuará sendo feita por meio do resultado do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). O assunto ganhou destaque após denúncia do GLOBO, na qual dois ex-professores de Direito da Faculdade Paraíso, em São Gonçalo , no Rio, são suspeitos de ter falsificado seus diplomas de mestrado e doutorado. O profissionais atuavam como avaliadores do Inep, cabendo a eles autorizar, reconhecer e avaliar cursos de Direito em todo o país. Para exercer a função, no entanto, os docentes precisariam ter, pelo menos, o título de mestre.

– O Enade ainda é o melhor instrumento para avaliar os cursos, mas como subsídio para a supervisão do MEC, sempre contamos com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para nos auxiliar. Não devemos misturar os dois procedimentos (exame da Ordem e Enade) sob pena de desconstruir aquilo que foi construído com muito trabalho ao longo das últimas décadas no Brasil – completou o ministro, referindo-se aos cursos de direito.

No entanto, a OAB pediu para que o Ministério da Educação (MEC) supervisione com maior rigor as 90 instituições de ensino superior que não tiveram nenhum aluno aprovado no Exame da Ordem. No total, 88% dos 106 mil inscritos foram reprovados na prova.

O propósito da OAB é avaliar o indivíduo para habilitá-lo ao exercício profissional. Já o Enade visa a avaliar os cursos.

– Não tem como ser diferente, podemos cometer alguns pecados estatísticos se agregarmos dados de uma avaliação individual para considerar a qualidade da instituição – ressaltou Haddad.

” Não devemos misturar os dois procedimentos (exame da Ordem e Enade) (Haddad) “

O ministro disse ainda que o sistema de avaliação do Enade tem todo um rigor estatístico.

– Como são várias edições do exame da Ordem, ao contrário do Enade, há uma incongruência nos dados. Vamos considerar, por exemplo, uma faculdade que teve um inscrito. Se ele passou no exame, a instituição aprovou 100% dos alunos. Se ele não passou, ela teve 0% de aproveitamento. Não faz sentido do ponto de vista estatístico esse tipo de contabilidade. Então, ao contrário da OAB, nos somos obrigados a tratar os dados – disse.