Haddad ganha apoio da maior ala do PT

Corrente de Lula e Dilma adere a ministro da Educação e reduz chance de Marta sair candidata à Prefeitura de SP

Direção do partido aumenta pressão sobre senadora para que ela saia da disputa e evite a realização de prévias

DE SÃO PAULO
O ministro da Educação, Fernando Haddad, ganhou ontem o apoio da corrente majoritária do PT na disputa interna para definir o candidato do partido à Prefeitura de São Paulo no ano que vem.
Ele recebeu a adesão da CNB (Construindo um Novo Brasil), integrada pelo ex-presidente Lula e pela presidente Dilma Rousseff. A ala controla 60% do diretório nacional e cerca de 30% da cúpula municipal da legenda.
A decisão reduz as chances da senadora Marta Suplicy de concorrer à prefeitura pela quarta vez seguida-ela venceu em 2000 e perdeu em 2004, para José Serra (PSDB), e 2008, para Gilberto Kassab (ex-DEM, hoje no PSD).
Também disputam a indicação no PT os deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini e o senador Eduardo Suplicy.
Seguindo roteiro traçado por Lula, Haddad dedicou as últimas semanas a conversas com dirigentes e parlamentares influentes na legenda.
Ele investiu no mantra de que os petistas precisam de uma “cara nova”, prometeu se engajar mais na vida partidária e pediu união para interromper a sequência de derrotas eleitorais na cidade.
O discurso foi repetido ontem de manhã, na reunião fechada que formalizou o apoio do CNB. Haddad falou duas vezes. Ao analisar a divisão de forças na sigla, agradou ao definir a corrente como “centro gravitacional” do petismo.
“Ele aprendeu rápido a usar o bambolê da polítca”, elogiou Francisco Rocha, coordenador nacional da CNB.
O ministro conseguiu quebrar a resistência do deputado Ricardo Berzoini, que havia se recusado a assinar uma moção de apoio à sua pré-candidatura alegando cerceamento à democracia no PT.
Haddad integra uma corrente minoritária, a Mensagem ao Partido, que tem 16% da direção nacional e 7% da cúpula municipal. O apoio de Lula foi o passaporte para chegar à ala dominante, que agora assumirá a articulação para evitar a realização de prévias no fim de novembro.
O ex-presidente defende que Haddad seja indicado por consenso, mas busca uma “saída honrosa” para Marta.
A senadora lidera a corrida à prefeitura com até 31% das intenções de voto, segundo o Datafolha. Nos cenários em que aparece, Haddad oscila entre 1% e 2%.
O ministro comemorou o anúncio do apoio: “Parece que estou indo bem, né?”
“É um passo importante na candidatura dele”, reconheceu o rival Carlos Zarattini. Marta não quis se manifestar.