Henry de Holanda Campos: “Nas ruas, em favor da Ciência”

Quando milhares de pessoas saírem às ruas das principais cidades do planeta, hoje, dia 22, marchando, de forma pacífica e apartidária, para dar mais visibilidade e credibilidade à Ciência, um fato histórico estará acontecendo. Pela primeira vez, slogans, faixas e panfletos vão exaltar o poder do conhecimento e sua capacidade de transformar o mundo para melhor. Diferentemente das grandes paradas militares, em que alguns países fazem demonstração de força, alardeando a capacidade destrutiva de suas armas, os cientistas, estudantes e cidadãos de todas as origens farão a Marcha pela Ciência em uma espécie de grande pronunciamento público em favor da vida, da saúde e do bem-estar das populações.

A pauta dos manifestantes incluirá reivindicações que precisam ressoar em um país como o nosso, que atravessou os séculos importando tecnologia estrangeira e só recentemente começou a investir na geração de conhecimentos. Na avenida, vai-se falar da educação científica de ponta e da necessidade de uma comunicação aberta, honesta e transparente. Vai-se insistir no financiamento de pesquisas e em contratações no campo da Ciência.

É importante que essa mobilização suscite reflexões não apenas na comunidade científica, mas em toda a população. No momento em que escasseiam os investimentos públicos nas universidades e instituições de pesquisa, cabe indagar se é colocando Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações no bojo de um mesmo Ministério que vamos avançar no rumo do crescimento econômico assentado em uma base científica e tecnológica nacional. Impõe-se, também, reconhecer o que se passou, em anos recentes, como resultado do despontar de uma Ciência brasileira: o crescimento da produção agrícola e dos rebanhos, que nos colocam entre os maiores produtores de alimentos do mundo, e o desenvolvimento de nossa tecnologia para exploração de petróleo em águas profundas; do processo de enriquecimento de urânio; da produção de vacinas e biofármacos; da química; da engenharia aeroespacial; de nossas tecnologias da informação.

É esse Brasil inteligente e produtivo que precisamos revigorar. O caminho do avanço social e econômico passa pelo desenvolvimento da Ciência, da Tecnologia e da Inovação. Foi assim que aconteceu em todos os países que construíram uma economia sólida e que hoje oferecem alto padrão de vida à sua população. A conquista do bem-estar social – que, no Brasil, é inadiável – só se dará com uma política firme e continuada de investimento na geração de conhecimentos.

Henry de Holanda Campos

greitor@ufc.br

Reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC)