Inep mudará elaboração do Enade

As provas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) deixarão de ser feitas por empresas privadas. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) decidiu mudar as regras da elaboração das questões, impressão e aplicação dos testes. O órgão vai criar um grande banco de itens – espécie de reserva de questões – para as diferentes áreas. Empresas externas cuidarão da aplicação e correção das provas.

As mudanças têm o objetivo de evitar transtornos como os ocorridos no ano passado. O Inep precisou cancelar 54 perguntas das avaliações aplicadas em novembro do ano passado. Do total de cancelamentos, 11 pertenciam à prova de comunicação social. Perguntas malformuladas ou polêmicas por conta do caráter político – que apareceram no Enade – prejudicam a qualidade do exame e é o que os organizadores pretendem evitar centralizando a elaboração dos itens.

De acordo com o presidente do Inep, Joaquim José Soares Neto, o objetivo é criar arquivos de questões capazes de produzir diferentes provas em cada uma das avaliações. Aos poucos, as regras foram introduzidas nas outras avaliações. O Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e a Prova Brasil, por exemplo, já possuíam banco de itens. Neto pretende fazer com que essas reservas cresçam rapidamente, contratando especialistas ao longo do ano para executar a tarefa.

Segurança

A reserva permitiria que esse tipo de avaliação pudesse ser aplicada mais de uma vez ao ano. Com uma grande quantidade de questões, provas diferentes poderiam ser criadas. No futuro, o candidato poderia agendar a data em que gostaria de fazer o Enem, por exemplo, como se faz com as certificações de línguas estrangeiras. “O Inep está fazendo um grande esforço para aumentar a qualidade das avaliações e tornar os processos mais seguros”, diz Neto.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também contribuiu para aumentar essa preocupação com a segurança nas avaliações pelas quais o Inep é responsável. A experiência traumática do vazamento da prova de 2009 levou o órgão a encontrar regras que tornassem o processo menos suscetível a fraudes e falhas. As gráficas que vão imprimir todas as avaliações do órgão a partir de agora – inclusive o Enade – serão contratadas diretamente pelo Inep.

A participação dos Correios e Telégrafos na distribuição do material, também considerada uma experiência de sucesso no Enem 2009, se tornará praxe em todos os processos de avaliação e certificação. Em anos ímpares, 12 milhões de provas vão circular pelo País. Antes da aplicação do Enade no ano passado, o Inep passou por mais dúvidas no processo de transporte. Houve suspeitas de vazamento no trajeto do material nos estados do Rio de Janeiro e da Paraíba.

Na nova arquitetura do Inep, o órgão só terá de contratar reforço para aplicar as provas na data marcada e corrigi-las. Segundo Neto, os arranjos legais para organizar as novas configurações já foram estudados. As portarias que regulamentam as modificações e divulgam as datas das licitações das empresas que participarão no Enade serão publicadas no Diário Oficial da União nos próximos dias.

 Priscila Borges, IG