José Audisio Costa: o ataque agora é contra as universidades públicas

O Brasil, um país colonizado pelos portugueses, desenvolveu uma elite de natureza agrícola e exploração do subsolo, extremamente subserviente desta aos ditames das grandes nações (Inglaterra, a França e mais recentemente do império norte-americano).

Em nossa evolução verificamos que os que desenvolveram uma concepção nacionalista, como Barão de Mauá e Delmiro Gouveia foram desprestigiados pelos governantes de sua época.

No período de 1930 a 1945, e 1951 a 1954, o presidente Vargas tentou criar a cultura nacional de industrialização, as pressões das “forças ocultas” do capital internacional (como ocorre atualmente), com apoio da elite econômica e política brasileira o levaram ao suicídio.

Na perspectiva nacionalista em 1950, começa uma nova era de avanço das universidades brasileiras, voltadas ao desenvolvimento de uma produção científica e inovação tecnológica, associada à formação de quadros, fundamentais para servir ao Brasil. Para tanto, foi sancionada (João Goulart) a Lei 3.998 (1961) autorizando a criação da Universidade de Brasília.

Em 1962 foram criadas regras e concepções da nova universidade, nas quais estavam as ideias de uma evolução científica, tecnológica e acadêmica comprometidas com as melhorias da qualidade de vida do povo brasileiro.O Brasil é uma nação de grande importância dada a sua condição de extensão territorial, a riqueza de seu subsolo (em minérios: ouro, ferro, cobre, pedras preciosas, etc.), elevada capacidade de produção de alimentos e maior reserva de água doce do mundo e condições climáticas favoráveis, se comparadas a países de outros continentes.

Mais recentemente com o desenvolvimento de exploração do petróleo na camada do pré-sal, utilizando tecnologia nacional, torna-se o país possuidor de uma grande reserva desta preciosa riqueza.As universidades públicas brasileiras são as principais produtoras do conhecimento científico e inovação tecnológica, bem como importantes na formação profissional de qualidade na graduação e pós-graduação.Por isto estamos vendo uma tentativa de descaracterizar o grande papel das universidades públicas, ao negar os recursos necessários à suas atividades: ensino, pesquisa e extensão, com aplicação da PEC 55 e seguindo orientação do Banco Mundial.

Além disto, desrespeitando nossa Constituição, reitores e outras autoridades são presas coercitivamente, antes de serem feitas as devidas averiguações e chamamento para deporem como determina a legislação brasileira, a exemplo do que ocorreu nas UFRGS, UFPR, UFSC e UFMG. Acrescente-se a isto o absurdo de proibir professores de fazer pesquisas sobre a nossa história como foi o caso do professor de Juiz de Fora que está tendo seu trabalho sobre as ligas comunistas, impedido judicialmente de ter continuidade. Estas medidas levarão o país a ser dependente das nações desenvolvidas e sem soberania. Tais medidas são apresentadas como justificativas de tornar mais eficaz a gestão pública.

Mas, em nenhum momento se fala em fazer auditoria da dívida pública brasileira, principal fonte de despesa nacional.Por isto, é preciso fortalecer a luta em defesa do Brasil, das universidades públicas e, ao mesmo tempo, posicionar-se contra a reforma da Previdência e que o governo tenha coragem de tomar medidas para receber as dívidas de impostos, taxar grandes fortunas, punir sonegadores. Pois, são os impostos que permitem a realização de obras de infraestrutura, investimento em saúde, educação, segurança, entre outras, necessárias ao bem-estar da sociedade.

José Audisio Costa é professor da Universidade Federal de Pernambuco. Diretor da Associação dos Docentes da UFPE (ADUFEPE)