Kroton, Estácio, Anima e Ser têm 37% do Fies

As quatro companhias de ensino superior de capital aberto Anima, Estácio, Kroton e Ser Educacional juntas oferecerão neste segundo semestre cerca de 23 mil vagas de Fies, financiamento estudantil do governo – o que representa 37% do total ofertado pelo Ministério da Educação (MEC) neste período letivo, segundo o Valor apurou.
O MEC não divulgou o número de vagas por instituição de ensino, mas é possível mensurar por meio do cadastramento dos alunos. O período de inscrições para o Fies começou ontem e segue até quinta-feira, 6 de agosto, já dentro das novas regras que priorizam a nota do aluno no Enem, cursos nas áreas da saúde, engenharia e formação de professores e as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

A Kroton obteve aprovação para oferecer 11 mil vagas de Fies; a Estácio abrirá 6 mil inscrições para o financiamento estudantil do governo; a Ser Educacional outras 5 mil vagas e a Anima deve matricular 900 alunos no programa de crédito universitário. Neste segundo semestre, apenas 61,5 mil alunos de graduação terão acesso ao Fies.

Diante da redução no programa estudantil do governo, que diminuiu pela metade em 2015 e do atual cenário macroeconômico, o Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior) prevê um aumento na taxa de inadimplência de 7,8% no ano passado 8,3% neste ano. Trata-se da primeira alta após seis anos de queda consecutivas no indicador que mede atraso de mensalidades de cursos de graduação por mais de 90 dias.

“Antes, o programa Fies ficava aberto o ano inteiro e se o aluno enfrentava problema financeiro, como perda do emprego, podia pedir o financiamento. Agora, temos um cenário de alta no desemprego, redução e período limitado de inscrições para o Fies “, disse Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp. O sindicato considerou dados de Serasa, atividades econômica e financiamento estudantil do governo para medir a taxa de inadimplência do setor.

Segundo levantamento da entidade, os grupos de ensino com até 2 mil alunos são os que mais sofrem com os atrasos de pagamento por mais de três meses. Em 2014, a taxa de inadimplência entre essas instituições de ensino foi de 9,3%. O menor calote foi verificado nos grupos educacionais de médio porte (2 mil a 7 mil matriculados), cujo percentual ficou em 5,5%. Já nos grupos com mais de 7 mil alunos, a taxa de inadimplência foi 6,7%.

Neste ano, o Ministério da Educação vai liberar 313 mil novos contratos de Fies, o que representa menos da metade do registrado em 2014. Uma das apostas do setor tem sido o financiamento estudantil privado. Companhias como Kroton e Ser Educacional estão modelando um programa próprio e grupos como Anima e Estácio estão subsidiando 100% da taxa de juros de um crédito educativo oferecido em parceria com a Ideal Invest.

Ontem, as ações das companhias de ensino superior listadas na bolsa fecharam com forte queda, ficando entre as maiores perdas do Ibovespa. Os papéis da Estácio caíram 6,83%; Anima perdeu 5,93%; Kroton desvalorizou 4,37% e Ser Educacional caiu 1,57%. Segundo analistas que acompanham o setor, essa queda generalizada nas ações das companhias de educação foi reflexo de investidores estrangeiros se desfazendo dos papéis diante de um cenário macroeconômico com novas denúncias e prisões de políticos envolvidos na Lava-Jato, além de receios de o Brasil perder o grau de investimento.

Valor Econômico