MEC divulga simulado do Enem com 40 questões

A prova, que é dividida em quatro áreas, já pode ser conferida na Folha Online

Exame se baseia em método que não leva em conta só o número de erros e acertos, mas também o nível de dificuldade dos testes

O Inep, instituto ligado ao Ministério da Educação que realiza o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), divulgou ontem um modelo da prova que será aplicada neste ano. O simulado tem 40 perguntas, dez de cada área (linguagem, matemática, ciências humanas e ciências da natureza).

O Enem real, que será aplicado em 3 e 4 de outubro, terá 180 questões (45 de cada área) e uma redação.

Quem estiver atento e estudando o conteúdo do ensino médio está preparado para o novo Enem, avaliaram dois cursinhos -Etapa (SP) e Dom Bosco (PR)- que analisaram o simulado a pedido da Folha.

O candidato que fizer o simulado terá o gabarito, mas não conseguirá saber a nota que tirou. Isso porque o exame foi construído com base em um modelo matemático chamado TRI (Teoria de Resposta ao Item). Diferentemente das provas convencionais, a TRI não leva em conta só o número de erros e acertos, mas dá pesos diferentes às questões conforme o seu nível de dificuldade -fácil, intermediário ou difícil.

"Antichute"
A novidade da TRI é um mecanismo "antichute", que dá uma pontuação menor quando se avalia que o aluno acertou uma questão por mera sorte.

Isso pode ser detectado, por exemplo, quando um candidato acerta todas as perguntas difíceis e erra as mais fáceis.

A nota que o Inep vai calcular posiciona o aluno em uma escala de habilidade -que vai de 100 a 500, por exemplo.

"Você já fez exame de sangue? É tão complicado quanto [a TRI] e a gente acredita [no resultado]", compara o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes. A TRI é usada em avaliações como a Prova Brasil e o equivalente norte-americano do Enem, o SAT.

Fernandes nega a possibilidade de um aluno eventualmente ser prejudicado por saber todas as questões difíceis e se complicar justamente nas fáceis. Isso porque, antes de colocar uma questão no Enem, ela é submetida a diversos testes com alunos do segundo ano do ensino médio e do primeiro de universidades. Quando acontece uma situação como essa, o Inep elimina a questão do banco de perguntas.

Mesmo com a TRI, a melhor solução para o aluno que não sabe a resposta continuará sendo o chute. Respostas erradas ou em branco são equivalentes -não contam pontos.

Exame deste ano será mais difícil, dizem cursinhos

O novo Enem está mais difícil que as versões anteriores por cobrar mais conteúdo, mas se baseia nas matérias dadas no ensino médio, afirmam cursinhos.

Por isso, quem já se prepara para o vestibular conseguirá se sair bem na prova, sustentam os preparatórios. Dois deles analisaram o simulado a pedido da Folha.

"O Enem vai apresentar questões simples, médias e difíceis. O Enem antigo era essa terça parte fácil. Os outros pedaços são os [destinados às questões] mais difíceis", afirmou Carlos Eduardo Bindi, diretor do Etapa. Segundo ele, a prova está muito mais parecida com um vestibular moderno, como o das universidades estaduais de São Paulo.

"Os assuntos que caíram [no simulado] estão quase todos dentro do nosso material. São questões que o aluno estudou", diz Ari Herculano de Souza, do Dom Bosco (PR), referindo-se ao material dado aos alunos do ensino médio da rede, vinculada ao mesmo grupo do COC.

Souza lembra as semelhanças entre o Enem e o Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos). Substituído pelo Enem a partir deste ano, o Encceja avaliava alunos que completaram o ensino médio nos antigos supletivos e sempre teve caráter interdisciplinar.

Angela Pinho, Ricardo Gallo – Folha de São Paulo, 30/07