MEC passa por momento decisivo

Em novembro do ano passado, às vésperas de Fernando Haddad ser confirmado no Ministério da Educação pela presidente Dilma Rousseff, escrevi aqui que o saldo de sua gestão era positivo. Reafirmo o que disse. Na mesma coluna, porém, alertava para a necessidade de Haddad sacudir a poeira dos últimos quatro anos e não se contentar em “ser um velho ministro que vai ficando”. “Os desafios da educação exigem um espírito renovado”, lembrava a coluna na época.

 

Infelizmente, Haddad se parece cada vez mais com um ministro de espírito envelhecido. Desgastado e visivelmente cansado do cargo, já é quase ex-ministro. As notícias e especulações sobre sua saída aumentam, e a atenção se volta para os nomes dos possíveis sucessores.

 

Haddad assumiu em julho de 2005 e imprimiu um traço importante de continuidade à pasta: manteve e ampliou a política de avaliações externas iniciada no governo FHC. Com a Prova Brasil, o MEC passou a divulgar o desempenho dos alunos de cada escola do país, o que tornou a crise do ensino público mais transparente e abriu caminho para a criação do Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb), com metas de melhoria de longo prazo, em 2007. De lá para cá, no entanto, a única inovação de peso foi a ampliação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para servir de sistema de seleção para as universidades federais. Mas a implementação no novo Enem foi marcada até agora por uma série de erros e o exame está longe de se consolidar como substituto do vestibular.

 

Os seis anos de Haddad no MEC tiveram ainda o mérito do enfrentamento de ideias antiquadas que sobrevivem no setor educacional e o corporativismo típico de grande parte do PT. Sua saída representará, sem dúvida, o fim de um ciclo, e as incertezas sobre seu sucessor preocupam, e muito, quem tem se esforçado de maneira séria para melhorar a qualidade da educação no país.

 

Um dos nomes que despontam com força é o do ex-deputado federal Carlos Abicalil, que ocupa uma secretaria do MEC responsável pela articulação com as redes municipais e estaduais. Apesar de sua origem na Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação (CNTE), tem sido elogiado por especialistas isentos por ter ideias modernas e capacidade de diálogo com os diferentes grupos que povoam o cenário educacional. Mas ainda é uma incógnita.