Mestrado pode oferecer formação acadêmica ou profissional

Com abordagem aprofundada, a modalidade é indicada tanto para seguir área acadêmica quanto para usar aprendizado na carreira

SÃO PAULO – Dados da Avaliação Trienal 2013 apontam que o Sistema Nacional de Pós-Graduação teve crescimento de aproximadamente 23% de 2010 para 2012. O levantamento divulgado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) mostra a expansão dos cursos stricto sensu – mestrado e doutorado – e reforça o interesse pela atualização de conhecimentos acadêmicos.

“Ter cursado só a graduação não tem a mesma relevância do passado”, diz Paulo Rodrigues, diretor do escritório da University of Southern California (USC) no Brasil. Ele destaca que o momento ideal para buscar o aperfeiçoamento varia conforme a competitividade do setor de atuação e que o profissional, por estar em uma fase madura, torna-se capacitado a analisar o cenário com sensatez. “É diferente do jovem que entra na faculdade aos 17 anos e precisa decidir por um ofício.”

Segundo a consultora de carreira Tânia Abiko, a escolha por um dos cursos oferecidos no mercado exige definição de metas a curto e longo prazo. “É fundamental assimilar as modalidades disponíveis para o alinhamento das preferências.”

A consultora ressalta que o fato de o mestrado ter uma abordagem menos generalista em comparação à pós-graduação latu sensu (ou especialização) contribui para uma boa avaliação do profissional em processos seletivos de contratação. “O mercado tende a valorizar a formação aprofundada aliada a experiências sólidas.”

Em relação ao mestrado, a Capes estabelece as seguintes categorias: acadêmico e profissional. Ambas oferecem o título de mestre, mas se diferenciam quanto à abordagem e, posteriormente, ao encaminhamento dos estudantes.

Teórico e científico. Voltado à formação de pesquisadores, o mestrado acadêmico tem como foco a vasta fundamentação teórica e científica. Com duração média de até dois anos, esse modelo é indicado para aqueles que querem se tornar docentes. Dessa forma, as atividades iniciadas ao longo do mestrado tendem a ser consolidadas no doutorado. Para a conclusão do curso, o estudante deve elaborar dissertação, orientada por pesquisas anteriores.

Segundo o professor Enlinson Mattos, coordenador do mestrado acadêmico em Economia da Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas (EESP-FGV), recém-graduados representam uma parcela significativa dos alunos. “Eles retornam ao mercado em sintonia com teorias e técnicas recentes e podem trabalhar com Finanças, Consultoria e Engenharia Econômica.”

No campo da Saúde, por exemplo, além de profissionais que pretendem entrar para a vida acadêmica, fisioterapeutas clínicos que querem compreender o método científico e a prática baseada em evidências podem recorrer ao mestrado acadêmico em Fisioterapia. “Muitos alunos escolhem o curso para responder às próprias perguntas ambulatoriais do dia a dia”, esclarece o coordenador do curso da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), Leonardo Oliveira Pena Costa.

Conceitos e prática. O mestrado profissional incentiva a qualificação do estudante para que depois retorne ao mercado. Segundo a Capes, a modalidade stricto sensu foi regulamentada em 2009 e tem o objetivo de contribuir com o nível de produtividade em organizações. Assemelha-se ao mestrado acadêmico quanto à duração, mas permite a apresentação do trabalho de conclusão de curso em forma de projeto ou estudo de caso.

No mestrado profissional em Educação: Formação de Formadores, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o aluno sai com a capacidade de ajudar no ensino de professores, para solidificar o aprendizado de crianças e jovens. “A maioria dos participantes exerce função de direção de escola ou supervisão”, afirma a coordenadora do curso, Marli André.

O mestrado profissional em Empreendedorismo, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), é voltado a quem quer aprimorar a rotina de trabalho. “O curso forma profissionais para atuar com eficiência gerencial e executiva no campo organizacional”, diz o coordenador, Martinho Ribeiro de Almeida.

Camila Santos – Estadão