Nº de vagas nas federais cresce 63% em quatro anos

Foram criadas mais de 77 mil novas desde 2006; cursos noturnos também tiveram expansão

Em quatro anos, o número de vagas nas universidades federais do País cresceu 63%. O primeiro relatório do programa de Reestruturação das Universidades (Reuni), preparado pelos reitores das instituições federais, mostra que foram criadas mais de 77 mil novas desde 2006. E, pela primeira vez, as universidades brasileiras conseguiram inverter uma tendência histórica e investiram no desenvolvimento dos cursos noturnos.

O relatório foi comemorado no Ministério da Educação. Depois de anos de resistências, as universidades federais – em troca de mais recursos – começaram o investimento em cursos noturnos, programas para reverter evasão e ociosidade e aumento da produtividade dos próprios professores.

Apenas no período em que o Reuni foi implantado, a partir de 2008, as vagas noturnas subiram 63%. Nas licenciaturas, outra área prioritária para o ministério, o acréscimo foi de 27%.

"O Reuni é um programa ambicioso, de caráter nacional. Nossa avaliação é que ele já tem um impacto extremamente positivo, apesar de a maior parte das metas ser para 2012 e depois", analisa Alan Barbiero, reitor da Universidade Federal do Tocantins e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

ENGENHARIA

Um dos pontos que mais agradaram ao MEC foi o crescimento dos cursos de Engenharia no País, área considerada crítica para o desenvolvimento e em que faltam profissionais de todos os setores. De acordo com o relatório, as vagas praticamente dobraram, passando de 16.340 para 32.502 entre 2006 e 2010.

Se já era a área em que mais havia vagas nas federais – isso levando em conta cursos que vão das tradicionais mecânica, civil e elétrica a outras mais novas, como têxtil ou ambiental – as engenharias hoje estão muito à frente da segunda colocada, a área de Letras, que oferece 19.348 vagas a cada ano letivo.

"Há algum tempo as universidades tinham perdido seu poder de interferência maior no processo de desenvolvimento do País por conta do baixo nível de investimento, mas ainda assim a maior parte da produção científica do País passa pelas federais. O Reuni possibilitou uma recuperação, mas ainda precisamos manter o crescimento e a área de engenharia é um dos pontos-chave em um País que planeja crescer 5% ao ano", disse Alan Barbiero.

INVESTIMENTO

Iniciado em 2008, o Reuni planeja um investimento de R$ 2 bilhões nas federais para expansão e reestruturação das instituições.

Em troca, o MEC exige aumento de cursos noturnos, queda no número de vagas ociosas e na evasão e aumento da proporção de alunos por professores para 16 por um – hoje está em torno de 10 para um. O relatório não traz dados sobre queda na evasão ou aumento na proporção de alunos por professor.

"Esse é um cálculo que só será confiável quando estivermos no final do Reuni. O importante é que os problemas foram identificados e medidas estão sendo tomadas", disse Barbiero.

O relatório lista medidas que estão sendo feitas em várias universidades. Há casos que vão desde o aumento de bolsas de apoio até análise da situação de cada aluno, com oferecimento de aulas de reforço e nivelamento.

Um dos casos é o da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em que foi criado um programa específico para ajudar os alunos que precisam passar pela disciplina de cálculo, um dos maiores gargalos da área de exatas.

O ministério faz um acompanhamento do Reuni mas, por enquanto, o ministro da Educação, Fernando Haddad, comemora o que diz ser um avanço coerente na média das instituições.

"Os dados preliminares guardam coerência com o sistema de acompanhamento do MEC. Agora vamos bater esses números e analisar caso a caso para ver se há instituições aquém da metas. Mas, no conjunto, o sistema cumpriu o acordado com MEC", afirmou Haddad ao Estado.