Na cabeça dos candidatos a reitor

Saiba o que dois dos aspirantes ao cargo da UFRJ pensam sobre cotas, adesão ao Enem/Sisu e políticas de assistência estudantil

Os debates entre os quatro candidatos à reitoria da UFRJ esquentam o clima das eleições, que acontecem de 11 a 13 de abril. Na semana passada, Alcino Ferreira Câmara, Angelo Cunha Pinto, Carlos Antônio Levi da Conceição e Godofredo de Oliveira Neto discutiram propostas nos campi da Praia Vermelha e de Macaé. Hoje, às 10h, eles debatem no auditório do Centro de Tecnologia, no Fundão. Nesta semana e na próxima terça-feira, a Megazine publica entrevistas com os candidatos sobre cotas, adesão ao Enem e assistência estudantil.

GODOFREDO NETO

“Os jovens devem ter acesso ao ensino público, gratuito e de qualidade”.

O GLOBO: Qual é a sua opinião sobre cotas?

GODOFREDO NETO: Somos favoráveis à democratização do acesso através de ações afirmativas. Para o sucesso dessas ações é fundamental que haja definições claras da política que garanta a permanência dos alunos na universidade. As cotas sociais permitem o acesso de um grupo social que hoje não tem garantias de chegar à universidade pública, mas representam ações emergenciais e não podem ser uma política perene. Todos os jovens devem ter acesso ao ensino superior, público, gratuito e de qualidade, independentemente de sua condição social. A universidade pública tem o dever de atuar na capacitação de professores para ajudar a melhorar a qualidade do ensino básico.

Como vê a adesão da UFRJ ao Enem/Sisu?

NETO: A adesão aumenta a mobilidade estudantil, o que é positivo. Participaremos do sis-tema, mas não de forma a crítica. O conteúdo e o formato das provas devem ser revistos pelas instituições de ensino superior, pois as realidades regionais e institucionais devem ser contempladas nos exames.

Quais os seus planos para alojamento universitário e assistência estudantil?

NETO: Nossa proposta é criar uma Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários para colocar em prática o Plano Nacional de Assistência Estudantil, que busca apoiar a permanência de estudantes de baixa renda matriculados em cursos de graduação. O objetivo é viabilizar a igualdade de oportunidades entre os estudantes e contribuir para a melhoria do desempenho acadêmico,a partir de medidas para combater situações de repetência e evasão. A pró-reitoria irá desenvolver programas e ações articuladas às demais políticas institucionais, em áreas estratégicas como: moradia estudantil, alimentação,transporte, assistência à saúde, inclusão digital, cultura, esporte e lazer, creche e apoio pedagógico.

ALCINO CÂMARA

“As cotas são um instrumento de justiça social provisório”

O GLOBO: Qual é a sua opinião sobre cotas?

ALCINO CÂMARA: As cotas são um instrumento de justiça social provisório,que devem ser mantidas enquanto se recuperam os ensinos médio e fundamental públicos. Mas devem se diferenciar as escolas federais, que não precisam de cotas, pois não têm o ensino deteriorado, diferente das redes estadual e municipal. O Consuni aprovou 20% de reserva, e respeito essa decisão.Vamos esperar o resultado da entrada dos estudantes para ver se o percentual é suficiente.

Como vê a adesão da UFRJ ao Enem/Sisu?

CÂMARA: Prefiro um sistema seriado acompanhando o aluno ao longo do ensino médio. É a forma menos nociva. Tanto o vestibular quanto o Enem seguem a mesma diretriz temporal: apenas um exame na vida do indivíduos. Se realizássemos provas desde o 1ª ano do ensino médio criaríamos uma média de possibilidade de avaliação. Respeito as deliberações do Consuni e do CEG, mas defendo este modelo como sendo o mais adequado.

Quais os seus planos para alojamento universitário e assistência estudantil? CÂMARA: A residência é um elemento vital para nacionalizar a UFRJ e dar oportunidade a alunos do interior e de baixa renda. O alojamento é absolutamente insuficiente. Temos que multiplicar as residências, o que já está aprovado pelo plano diretor, uma especificamente para estudantes de fora do estado e do país. Temos que pensar em ter um público externo proporcional ao caráter nacional da UFRJ, como é na Unicamp. Assistência significa restaurantes, bolsas, biblioteca funcionando o tempo inteiro com acervo de livros solicitados pelas graduações e apoio no acompanhamento do estudante fora da sala de aula.