No 3º ano, alunos não sabem calcular troco, diz pesquisa

Avaliação foi feita com 6.000 estudantes em todas as capitais; estudante da rede pública teve pior desempenho

Prova foi aplicada em 250 escolas e mostrou que estudantes têm também dificuldade para interpretar textos

Ir ao supermercado e calcular o troco não é uma atividade fácil para 57% dos estudantes que cursam o terceiro ano do ensino fundamental -etapa considerada como final do ciclo de alfabetização.
A afirmação tem base nos resultados da Prova ABC, uma avaliação inédita aplicada no primeiro semestre deste ano a 6.000 alunos de todas as capitais do país.
A prova, composta por 20 questões e uma redação, avaliou as habilidades dos alunos em matemática, leitura (português) e escrita.
A expectativa era que os alunos tivessem pelo menos 175 pontos nas duas primeiras disciplinas e 75 na última.
Abaixo dessa pontuação, em matemática por exemplo, os alunos, além de não calcular o troco, têm dificuldades em fazer contas “de cabeça” e ler as horas no relógio.
O problema é maior nas escolas públicas, onde apenas 32% dos alunos tiveram o desempenho esperado.

OUTRAS DISCIPLINAS
A dificuldade também atinge outras disciplinas. No total de alunos avaliados, apenas pouco mais da metade (56,1%) atingiu a média em português e mostrou que já consegue identificar o tema e personagens de um texto.
Em geral, alunos de escolas particulares obtiveram notas maiores. Mas, em algumas faixas, nem elas atingiram os níveis desejados.
As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste tiveram os melhores desempenhos.
Para Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação, um dos responsáveis pela prova, os resultados revelam que o ensino nessa etapa está longe do ideal. “Todas as crianças deveriam atingir 100% de aproveitamento. É um direito básico.”
O pesquisador do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) João Horta diz que os dados são “preocupantes” e devem servir para a formulação de políticas públicas.
Ele propõe o aumento da jornada escolar como forma de resolver o problema detectado pela prova.
A avaliação foi elaborada pelo Todos pela Educação, Instituto Paulo Montenegro/Ibope, Inep e Cesgranrio e aplicada em 250 escolas, escolhidas por sorteio.