Novas universidades são tema do 2º curso de Gestão da Internacionalização Universitária

A Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) encerrou hoje (13) o 2º Curso de Gestão da Internacionalização Universitária, promovido pela Associação por meio da Comissão de Relações Internacionais (Cria). O presidente da Andifes Alan Barbiero participou da abertura e do encerramento do curso que, neste módulo, contou com palestras de dois ex-presidentes da casa, Paulo Speller e Carlos Antunes, que abordaram suas experiências na implantação de novas universidades. 

Os representantes das Ifes, divididos em 5 grupos, apresentaram os relatórios finais dos trabalhos desenvolvidos durante os três módulos do curso As temáticas abordadas foram: “Recepção de Estrangeiros nas Ifes Brasileiras: Estudantes, Professores, Pesquisadores e Autoridades”, “Mobilidade Acadêmica”, “Gerência de Consórcios”, “Aproveitamento de créditos e revalidação de diplomas”, “Legislação referente à mobilidade internacional” e “Sites e banco de dados”.

No encerramento do curso, o reitor Carlos Alexandre Netto (UFRGS), presidente da Cria, ressaltou que a internacionalização acadêmica atualmente é, de fato, o quarto eixo da missão universitária, daí a importância do curso. Segundo o reitor, a interação entre os setores de relações internacionais das Ifes e a troca de experiências é muito importante para o desenvolvimento da área, que já atingiu grande progresso.

A coordenadora da comissão organizadora do curso Liane Hentschke também destacou a interação entre os assessores e afirmou que este é o momento para discussão de um plano de gestão das áreas de relações internacionais das Ifes. A representante da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) Joíra Martins destacou o mesmo aspecto e afirmou: “O curso foi extremamente positivo. Tivemos a oportunidade de discutir problemas que são comuns às Ifes e isso ajuda nas nossas atividades diárias”.

Novas universidades
A programação deste terceiro módulo foi marcada pela discussão acerca de novas universidades, que nascem com características de integração internacional. O professor Paulo Speller ressaltou que a presença do Brasil no cenário internacional está crescendo muito e que as universidades precisam acompanhar este crescimento.

Atualmente, estão em processo de criação no Brasil quatro novas universidades, todas com características internacionais: Universidade Federal de Integração Luso Afro-Brasileira (Unilab), Universidade Latino-Americana (Unila), a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e a Universidade Federal da Integração da Amazônia Continental (Uniam).

O professor Paulo Speller, responsável pela implantação da Unilab, direcionada a países de língua portuguesa, falou sobre a experiência. Ele ressaltou que a essência da Unilab está na cooperação solidária e que a universidade deve ajudar a formar profissionais e até instituições em outros países de língua portuguesa, pois alguns não tem sequer uma instituição pública de Ensino Superior. A Unilab está sob tutoria da Universidade Federal do Ceará e terá sede na cidade de Redenção.

O professor Carlos Antunes falou sobre a Unila, cujo funcionamento começa por meio de cátedras que já estão instaladas e são preparatórias para a pós-graduação. O curso de especialização em “Políticas e Avaliação da Educação Superior” já está sendo oferecido a 40 alunos de 10 países da América Latina e tem 25 professores. Para a graduação, a Unila começa a selecionar, no final deste ano, alunos brasileiros por meio do Enem e, em janeiro de 2010, alunos estrangeiros, por meio de um uma versão em Espanhol do exame. A idéia é começar as atividades no ano letivo de 2010. A Unila está sob a tutoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Os assessores de relações internacionais das Ifes discutiram a operacionalização destas universidades, questionando a língua a ser adotada, a atuação dos professores e a relação destas com as universidades federais tradicionais. No caso da Unilab, estes processos estão em discussão. O professor Paulo Speller adiantou que um dos modelos pode contar com formação inicial no Brasil, concluída no país de origem do estudante. Na Unila, a organização se dá em quatro áreas do conhecimento: “Espaço Inter-territorial e Sociedade”, “Interculturalidade e Comunicação”, “Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento” e “Educação e Saúde Pública” e já há 14 cursos aprovados.

Os participantes aprovaram a abordagem dos temas. O secretário de Relações Institucionais e Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Enio Pedrotti elogiou as experiências exploradas no curso e afirmou que elas dão ânimo, pois mostram um novo projeto pedagógico e uma nova forma de administrar a universidade. “Essas universidades saem do âmbito local e passam a ter influência regional. Dá vontade de trabalhar num campus desse”, afirmou.