Novo governo deve dar prioridade à educação

Valor 1000: Também saúde e infraestrutura estão no topo da lista dos executivos das melhores empresas do país

A educação, seguida da saúde e da infraestrutura, deve ser a prioridade do próximo governo segundo a maioria dos executivos que representaram, na noite de ontem, as campeãs setoriais premiadas pelo “Anuário Valor 1000”. Ao mesmo tempo em que escolheram a educação, a partir de uma lista de itens, os empresários elegeram algumas reformas, como a política e a fiscal, mas poucos as colocaram entre os cinco assuntos que deveriam figurar no topo das preocupações do próximo governo.

Para Walter Schalka, presidente da Votorantim Cimentos, os temas principais na agenda do futuro presidente, seja ele quem for, devem ser atrelados a um crescimento econômico sustentável que gere melhoria na qualidade de vida da população em geral. “Isso significa obter um crescimento contínuo e robusto do PIB, com geração direta de emprego e renda e alicerçado em investimentos necessários em educação, saúde, transporte, segurança e inclusão social”.

Hudson Calefe, presidente da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), espera que o próximo presidente dê prioridade à educação, segurança e infraestrutura. Para Fausto Costa, diretor da Chocolates Garoto, um conjunto de temas deve avançar paralelamente, como educação, saúde e transporte. Política fiscal e reforma política são fundamentais para que o país se estabeleça entre os principais do mundo para atrair investimentos de longo prazo.

A reforma política deveria encabeçar a lista de prioridade do próximo governo na opinião de Gilberto Colombo, que preside a usina de açúcar e álcool que leva seu sobrenome. Em seguida, estariam, em sua avaliação, a autonomia do BC, projetos sociais, a previdência, a educação, a reforma agrária, as telecomunicações, a política fiscal, a saúde, os transportes e a energia.

Para Vanderlei Micheletto, vice-presidente da Mili, do setor de papel e celulose, educação é a mais importante das demandas, seguida de transportes e saúde. Ricardo Accioly Calderari, diretor secretário da Coamo Agroindustrial Cooperativa, do Paraná, também elegeu a educação como a mais importante demanda a ser atendida pelo próximo governo. “É preciso oferecer um ensino básico de qualidade para que o estudante chegue ao ensino superior mais bem preparado”, disse Calderari.

Opinião diferente tem Francisco Schmitt, diretor de relações com investidores da Grendene. Para ele, antes de definir uma lista de prioridades “qualquer governo tem que manter condições mínimas para justificar sua existência, isto é: manter ambiente propício ao desenvolvimento das pessoas, baixa tributação, segurança e respeito às leis e instituições, além de assegurar uma condição razoável de infraestrutura, o que inclui o funcionamento adequado da Justiça, respeito à propriedade, responsabilidade fiscal e moeda confiável.”

Alguns empresários mostram preocupação especial com a formação de um ambiente capaz de atrair capital produtivo estrangeiro. Henrique Morais, presidente da Belgo Bekaert Nordeste, acredita que o Brasil deve atrair investimentos estrangeiros voltados para a infraestrutura nos próximos anos. “A estabilidade econômica e as perspectivas de crescimento de nossa economia vão atrair o capital estrangeiro, atualmente sem boas opções de investimento no mundo desenvolvido”, diz ele.

Morais diz acreditar que o novo governo vai precisar mostrar grande empenho para implantar reformas estruturais necessárias. “Os desafios serão a responsabilidade fiscal, o controle da inflação e, principalmente, superar o baixo nível de investimento público apresentado no atual governo.”

“Os investimentos em infraestrutura devem ter prioridade porque eles vão garantir que o país cresça sem apagão logístico”, diz Aldo Lorenzetti, presidente da Lorenzetti. Entre as prioridades, ele elegeria transportes e energia, além da melhoria do sistema educacional. Para Marcelo Epstejn, diretor-geral do UOL, “o próximo presidente deverá priorizar a infraestrutura, principalmente o setor de transportes, se quiser crescer e ter estrutura adequada ao turismo até os eventos da Copa de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016. As áreas de saúde e educação também devem ser priorizadas.”

Educação e saúde também devem ser as duas prioridades do novo governo na opinião de Valentino Rizzioli, vice-presidente do Grupo Fiat e presidente da CNH, divisão de máquinas agrícolas e tratores do grupo italiano. ” Sem investimento contínuo nessas duas áreas não se faz nada, não há futuro ” , completou o executivo. Na sequência, ele elenca transportes, energia e as reformas fiscal e política como temas que merecem atenção especial do sucessor de Lula.