Número de brasileiros fazendo graduação no exterior cresce e supera o de alunos de mestrado e doutorado

Número de brasileiros fazendo graduação no exterior cresce e supera o de alunos de mestrado e doutorado

Em qualquer parte do mundo você encontra um brasileiro. E em qualquer universidade também. A novidade é que os brazucas não saem do país somente rumo a mestrados e doutorados. Dos 8.767 brasileiros que estudam nos Estados Unidos, 47% estão ainda na graduação, contra 34% da pós. Na França, a história se repete: 67% estão lá em busca do primeiro diploma universitário, e 33% são mestrandos e doutorandos.

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Os números incluem alunos que fazem toda a formação lá fora ou estão em intercâmbio acadêmico, como os amigos Gustavo Pereira e Sebastião Junior. Estudantes do 8 período de História na UFF. Eles vão passar seis meses na Universidade de Lisboa, através de um convênio firmado entre as duas instituições.

– Eu atrasei um semestre a formatura para poder fazer. Lá estão grandes professores e também muitos documentos originais do período colonial, que é a nossa área de pesquisa aqui no Brasil – conta Sebastião, que vai apenas com a ajuda dos pais.
Já Gustavo conseguiu uma bolsa do programa Santander. Com fama de “certinho”, ele conta que diversão vai rolar, mas o foco é no trabalho.
– Tem uma galera que vai porque quer viajar e curtir, mas para a gente não faz muito sentido ser só isso – afirma.
Se em Portugal a dupla promete pegar leve, nas universidades americanas muita gente imagina que tudo vai ser como nos filmes, com as festas que nunca terminam. Mas, para Edward Timponi, que cursa Administração na Universidade do Texas, em Tyler, a vida é dura: para manter a bolsa-atleta como tenista, ele enfrenta treinos diários e precisa manter um bom rendimento acadêmico. Como a região é conservadora, as festas acontecem, mas com regras.
– Nesta região, eles são muito contra bebida. Aí, todos têm medo, só pode entrar no evento quem for da fraternidade, é mais complicado.
Durante a seleção, Edward conta que não teve problemas com o SAT (exame nacional exigido pela maioria das universidades), mas achou o inglês bem mais difícil do que o cobrado no Toefl (prova de proficiência na língua).

Segundo Daniela Ronchetti, diretora da feira Expo Estude no Exterior, a procura tem aumentado porque as famílias estão conseguindo se planejar melhor e por causa do câmbio, que torna mais barato se manter lá fora. Mas ela acredita que muitos ainda acham que é difícil fazer faculdade no exterior.
Paulo Ricardo Costa, por exemplo, não fazia ideia de que era possível estudar nos Estados Unidos até o ano passado, quando uma colega do Colégio Militar no Rio foi aprovada. Há um mês na Universidade de Yale com bolsa acadêmica de 100%, ele aponta como grande vantagem a chance de experimentar diferentes áreas antes de decidir qual carreira seguir:

– A graduação aqui dura quatro anos, mas somente no final do segundo o curso é escolhido. Nos dois primeiros, eles nos incentivam a experimentar. Cheguei com a cabeça em Química, mas vi que gosto muito de Economia também.

Para quem quer disputar uma vaga nas instituições americanas, ele aconselha a treinar bastante o modelo de prova do SAT e dar atenção também ao histórico escolar e às atividades extracurriculares, que têm peso durante o processo de seleção.

O gerente regional da agência de intercâmbio STB, Felipe Quintino, lembra que é preciso conhecer a cultura do lugar onde se pretende estudar.

– É preciso saber de que tipo de cidade o jovem gosta, porque, se a escolha não bater com sua preferência, a chance de não se adaptar é maior.
Bruno Loureiro conhecia bem Paris, onde estuda, já que seu pai é belga. Depois de se desiludir na UFRJ, ele já tinha a mudança planejada quando convidou a namorada, Clarissa Paranhos, para acompanhá-lo. Com menos de dois meses para o fim das inscrições, ela venceu a maratona de documentos e provas e garantiu uma vaga em História, na Sorbonne. Já Bruno faz Física na Universidade de Paris VII e conta que o ensino é bem diferente.
– Aqui, as aulas são para 200 alunos, em auditórios, e é difícil o contato com os professores. Nas sessões de trabalho dirigido, são grupos menores, de 30 estudantes, e o diálogo é mais aberto – explica