Número de estrangeiros na USP cresce 78%, e alunos acham SP cara

O número de alunos que fazem intercâmbio na USP quase dobrou em três anos: em 2011, chegaram 900 pessoas, contra 1.600 em 2014, alta de 78%.

Na maior parte dos casos, os estudantes são jovens, usam transporte público e aproveitam o tempo livre para passear pelo parque Ibirapuera e curtir a vida noturna. Essas foram as conclusões de uma pesquisa feita com 313 entrevistados pela SPTuris (órgão municipal de turismo) com os intercambistas e obtida pela sãopaulo.

A área de ciências humanas e sociais é a que mais atrai na graduação. “As humanidades possuem mais variedade no ensino de um país para o outro. Nas exatas, isso não ocorre, mas há uma tradição nessa área de viajar durante a pós”, diz Raul Machado Neto, presidente da Agência de Cooperação Internacional da USP.

“É uma troca. Recebemos os estrangeiros e a instituição estrangeira acolhe alunos nossos”, explica Machado.

Em São Paulo, o transporte mais usado é o ônibus, por 43% dos estudantes, seguido pelo metrô, com 30%.

Entre todos os entrevistados, 46% aprovam o transporte público. “Apesar do aumento de R$ 0,50, o sistema continua a valer a pena”, comenta César Nontol, 23, que cursa ciência da computação e veio de Trujillo, no Peru.

Nontol teve dificuldades para tirar o RNE (Registro Nacional de Estrangeiros). “O sistema não estava funcionando quando fui providenciar isso”, lembra. Os problemas com documentação são a maior queixa dos estrangeiros. A USP negocia com o Ministério das Relações Exteriores e a Polícia Federal formas de simplificar os trâmites.

Na hora de se divertir, os destinos mais procurados são os parques e bares, seguidos por cinema e gastronomia. Os pratos da cidade foram elogiados por 56% deles. Porém, o custo de vida desperta queixas. Por mês, o gasto médio dos estudantes é de R$ 565 com alimentação e R$ 403 com lazer.

Se os restaurantes agradam, a limpeza e a segurança deixam a desejar. A presença de lixo nas vias incomodou 67% dos entrevistados. A sensação de segurança foi avaliada como regular por 33% e ruim ou péssima por 40%.

“Sempre tenho que estar alerta ao andar pelas ruas”, comenta Mijael Colquehuanca, 23, boliviano que cursa sistemas de informação e aprecia os bares da cidade.

Os intercambistas representam uma parcela pequena dos visitantes da capital. Os negócios continuam sendo o motivo principal de viagem e poderão ser uma das razões para o retorno desses alunos. “Ao voltar aos seus países, se tornarão executivos ou especialistas, mas continuarão tendo laços com São Paulo”, afirma Wilson Poit, secretário municipal de Turismo.

Rafael Balago – Folha de S. Paulo