Pais e alunos pedem a suspensão do Enem

Professores estaduais de MG estão em greve há 3 meses; na rede, há 350 mil alunos no terceiro ano do ensino médio

Fernando Haddad, ministro da Educação, já avisou que não há nenhuma chance de que o exame seja adiado

DE BELO HORIZONTE
A Fapaemg (federação que representa pais de alunos de escolas públicas de Minas) vai pedir à Justiça Federal a suspensão do Enem.
A intenção, segundo Mário de Assis, presidente da entidade, é resguardar o direito de 350 mil alunos mineiros da rede estadual -que vive greve de professores há 86 dias- aptos a fazer o exame.
“O Brasil não tem culpa do que ocorre em Minas, mas Minas também é Brasil”, disse.
Quase 5,4 milhões de alunos estão inscritos no Enem no país. Em Minas, são mais de 600 mil candidatos.
Com a greve perto de completar três meses, não há mais tempo para repor as aulas antes das provas do Enem, marcadas para 22 e 23 de outubro.
A federação alega que os alunos mineiros terão de fazer as provas sem condições de igualdade com os demais estudantes do país e que não têm culpa dessa situação.
O presidente da entidade diz que decidiu recorrer à Justiça após percorrer gabinetes de autoridades em Brasília sem obter resposta para um pedido de solução do caso.
Ontem, o ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), após encontro em Brasília com o governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), disse não haver nenhuma possibilidade de o Enem ser adiado devido ao tamanho da estrutura e da segurança que a prova exige.
Ontem, os professores rejeitaram proposta de piso para 24 horas semanais em R$ 712 mais gratificações.

BALANÇO
O Inep, órgão do MEC responsável pelo Enem, divulgou ontem o balanço do número de inscritos na prova por Estado e por idade.
Com 607.838 inscritos, Minas é o segundo Estado com o maior número de candidatos, atrás apenas de SP, com 901.354. Na divisão por faixa etária, 2,8 milhões de candidatos têm até 20 anos.

GREVE DOS PROFESSORES EM MG

REIVINDICAÇÃO
Piso nacional de R$ 1.187 para 40 horas. Professores afirmam que o vencimento básico é de R$ 369* para 24 horas

PROPOSTA DO GOVERNO
R$ 712 para 24 horas (proporção do piso nacional)

86 dias
É o tempo de duração da greve até hoje

50% dos professores
É o percentual de adesão à greve, segundo o sindicato; para o governo, a adesão é de 2% (total) e 19% (parcial)

1 milhão de alunos
É o número estimado de estudantes sem aula

Paralisação em federais já passa dos 30 dias

DE SÃO PAULO
Impasse entre União e sindicatos faz com que institutos de ensino tecnológico e universidades enfrentem greves de mais de 30 dias.
Enquanto o governo Dilma diz aos grevistas que só negociará após o fim das paralisações, representantes dos servidores dizem que as greves só acabarão quando forem atendidos.
“Entendemos as reivindicações dos professores. Mas o governo não atende, e nós ficamos no meio disso, sem aulas”, afirmou Fábio Soares, 31, aluno do curso de tecnologia em automação industrial do Instituto Federal São Paulo.
No ensino técnico e tecnológico, a paralisação começou há 32 dias e abrange parte dos docentes e técnicos-administrativos. Não há levantamento oficial, mas o sindicato diz que 70% dos servidores pararam.
A categoria quer reajuste de 14,67%, entre outros pontos. Um professor com jornada de 40 horas semanais, em dedicação exclusiva, ganha hoje R$ 2.762.
Nas universidades federais, a greve abrange os técnicos-administrativos, cuja paralisação parcial começou há 88 dias.
Procurado, o Ministério do Planejamento não se pronunciou. Anteriormente, a pasta informou que as paralisações foram deflagradas durante as negociações.