Peso da lei não é suficiente para fazer engrenagem da inovação funcionar

DE SÃO PAULO
Uma determinação legal que define quanto deve ser aplicado em pesquisa pode não ser suficiente para fazer a engrenagem da inovação funcionar.

Em 1998, o Brasil formava cerca de 4.000 doutores por ano, sabidamente a principal mão de obra que move a pesquisa. Isso equivale a aproximadamente um terço do que se forma hoje.

Talvez não teria adiantado investir pesado em infraestrutura para pesquisa no final da década de 1990 se faltavam cérebros para tocar os trabalhos adiante.

Além disso, o marco legal voltado à inovação no setor produtivo é posterior ao período analisado pela ANP. Aqui estamos falando da Lei de Inovação (2004) e da Lei do Bem (2005). Essas leis levaram o conceito de inovação às empresas e facilitaram um pouco as parcerias.

Apesar de estar “devendo”, a Petrobras anunciou que quer colocar R$1,4 bilhão até 2014 em parcerias para desenvolver tecnologias para o pré-sal. Isso equivale ao dinheiro que o governo injeta hoje para manter uma Unicamp por ano.

É provável que, agora, a Petrobras consiga fazer esse investimento monstruoso, pois o cenário para inovação melhorou. Mas a pesquisa no setor produtivo ainda patina.

Perdura nos gestores do país a visão de que investir em pesquisa significa gastar a fundo perdido. As metas das empresas para inovação ainda não são claras nos seus planos de negócios.

Promover pesquisa e desenvolvimento à base da chibata da regulação e da cenoura dos benefícios fiscais pode não ser exatamente o melhor caminho.

Aos trancos e com falhas, a Petrobras tem feito sua parte. Resta saber se seus parceiros -as burocráticas universidades e institutos de pesquisa- também farão um esforço.