Pesquisadores da UNIFAL-MG reforçam mobilização contra o Aedes aegypti

Em palestra para os calouros, professores sensibilizam para a necessidade de engajamento

Durante os eventos de acolhida aos calouros, promovidos pela Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis nas últimas duas semanas nos campi da Universidade (dias 18, 22 e 24/02), os pesquisadores da UNIFAL-MG, professor Luiz Felipe Leomil Coelho (Instituto de Ciências Biomédicas), e o professor Murilo César do Nascimento (Escola de Enfermagem), foram convidados a apresentar curiosidades sobre o mosquito transmissor de doenças como a Dengue, a Chikungunya e o Zika Vírus.

A atividade fez parte do engajamento da UNIFAL-MG na campanha nacional para mobilização da sociedade civil na eliminação dos focos do mosquito, proposta pelo MEC, que contou também com a distribuição de folhetos explicativos e adesivos de sensibilização à comunidade acadêmica, e com a realização de uma reunião com representantes de vários segmentos do município de Alfenas, para discutir ações conjuntas no enfrentamento ao Aedes aegypti, conforme noticiado em “UNIFAL-MG em luta contra o Aedes aegypti”.

Para falar sobre o ciclo de vida do vetor, o Prof. Luiz Felipe, que pesquisa a Dengue desde 2006, principalmente, nos aspectos genéticos, de diagnóstico e de novas alternativas vacinais; apresentou um vídeo mostrando como o mosquito identifica sua presa.

Em seguida, o pesquisador explicou que os mosquitos põem seus ovos em recipientes com água parada que após o contato com a água, eclodem, surgindo a larva. “Essa larva vai se alimentar de matéria orgânica presente na água e vai crescer, passando por quatro estágios até chegar ao estágio maduro onde ela vira pupa”, esclareceu.

De acordo com o Prof. Luiz Felipe, depois de um tempo, essa pupa sofre a metamorfose e o mosquito eclode para então iniciar sua vida aérea e terrestre infectando os indivíduos. “É a fêmea que se alimenta do sangue e faz isso para amadurecer o aparelho reprodutor dela, e conseguir colocar os ovos. O macho também se alimenta, mas ele vai se alimentar de seiva ou néctar”, enfatizou, informando que uma fêmea é capaz de colocar até 450 ovos.

O pesquisador salienta que o grande problema que enfrentamos é que o mosquito tem um tempo longo de vida, e durante esse tempo, até 300 pessoas podem ser infectadas pelo vírus, caso o mosquito esteja infectado. “Nem todos os mosquitos são infectados, mas em períodos epidêmicos, que é esse período em que começa o ano até o final de maio, a gente tem uma grande probabilidade de o mosquito estar infectado”, frisou.

Conforme as informações do professor, a atenção ao mosquito deve ser redobrada, porque ele é um transmissor de arboviroses, que são viroses transmitidas por insetos como mosquitos, pulgas e carrapatos.

“O nosso grande problema é que o Brasil é um país que tem condições climáticas que favorecem para o desenvolvimento dos vetores. É quente e chuvoso. Além disso, nós temos uma população extremamente susceptível, que pode também estar vivendo em más condições de urbanização, o que leva ao aumento do desenvolvimento do vetor”, disse, lembrando que entre as arboviroses, nós temos a febre amarela, a febre Chikungunya, o Zika Vírus e a Dengue, que é o maior número de casos existentes no Brasil atualmente.

Entre os números de casos suspeitos, Prof. Luiz Felipe mostrou que a Dengue atingiu a marca de 1.600.000 casos suspeitos no Brasil em 2015; a Chikungunya registrou mais de 20.000 casos e o Zika Vírus, 4.000 casos suspeitos.

“O que a gente pode fazer no momento?”, pergunta o pesquisador, respondendo: “Uma ação mais passiva é esperar por vacina que pode impedir a circulação do vírus; ou esperar pela redução da população do mosquito, utilizando alternativas como mosquitos transgênicos, infectados por uma bactéria. Mas o que a gente pode fazer agora e que é mais importante são as ações ativas, que é se preocupar, pôr em ação a erradicação dos potenciais criadouros do mosquito”, ressaltou.

Em sua fala, Prof. Murilo reforçou o convite ao enfrentamento das doenças relacionadas ao vetor do mosquito Aedes aegypti, apontando os aspectos epidemiológicos e a distribuição espacial em escala global da Ddengue, bem como o risco de transmissão em Minas Gerais e em Alfenas. “O que posso dizer para vocês depois da Dengue na região, é que tanto o número de casos aumentou expressivamente aqui no município de Alfenas, como as condições clínicas e as formas de apresentação da doença têm se tornado mais intensas. De 2001 a 2010, aqui no município tinham sido confirmados, apenas 447 casos da doença. Em 2015, foram mais de 2.000 casos. Em um ano, extrapolou e muito o total de números de casos de uma década. Isso é uma mudança no quadro epidemiológico muito importante que não pode ser deixado de lado”, observou.

Segundo Prof. Murilo, o mosquito consegue alcançar aproximadamente 300 metros de distância, o que significa que embora alguém cuide bem da sua casa, pode ser atingido pela fêmea do mosquito, caso um vizinho a dois quarteirões, não cuide da limpeza da sua. “Isso mostra a importância de toda a sociedade estar comprometida na erradicação do vetor”, conscientizou.

O pesquisador também fez um lembrete de possíveis reservatórios da água e criadouros do mosquito que merecem a atenção da comunidade, para além das calhas, caixas d’água e pneus. “Em um objeto como uma tampinha de garrafa pet pode se formar uma porção de água e facilitar o ciclo de vida do vetor. Outros tipos de reservatórios que não são tão falados também são o caramujo e o caracol, que são reservatórios biológicos que a gente encontra no meio ambiente. A planta bromélia tem nas suas pétalas um potencial de armazenamento de água, portanto, também precisamos ter cuidado”, comentou.

Ao final, o professor apresentou algumas estratégias que vêm sendo desenvolvidas no combate ao mosquito, mas enfatizou a necessidade de participação de todos no combate. “De nada adiantarão essas estratégias se nós não nos atentarmos para o que podemos fazer”, conclamou.

Ana Carolina Araújo – Universidade Federal de Alfenas