Polêmicas do ensino superior

Os principais candidatos à Presidência da República mostraram mais uma vez no debate da TV Bandeirantes, na semana passada, que não estão dispostos a enfrentar os temas mais polêmicos que dizem respeito à educação brasileira. Os presidenciáveis se limitaram a repetir promessas feitas desde o início da campamha – criação de vagas de ensino profissional, melhores salários para professores e aumento do percentual do PIB destinado ao ensino público – e não abordaram nenhum dos desafios de maior vulto que enfrentarão nos próximos quatro anos caso sejam eleitos.

 

Nenhum deles tratou, por exemplo, do ensino superior. Mas deveriam, já que essa é uma responsabilidade direta do governo federal. Cabe ao Ministério da Educação administrar as universidades públicas federais e dar diretrizes para o funcionamento de todo o ensino superior.

 

Estará nas mãos do futuro presidente, entre outras coisas, lidar com a discussão que ganha corpo no país sobre a possibilidade de cobrança de mensalidade de quem pode pagar.

 

A ideia é polêmica, mas não é estranha nem a Dilma Rousseff, do PT, nem a José Serra, do PSDB. O PMDB, que indicou o vice da chapa de Dilma, o deputado Michel Temer (SP), apresentou como uma de suas propostas à ex-ministra instituir progressivamente a cobrança de mensalidades nas universidades públicas federais. Seria cobrado apenas de quem tem uma renda familiar anual superior a 150 salários mínimos, o que equivale hoje a R$ 76,5 mil.

 

O ex-ministro e atual secretário da Educação de São Paulo, Paulo Renato Souza, importante colaborador do programa de governo de Serra, já deu declaração favorável em entrevista ao site Educar para Crescer, iniciativa da Fundação Victor Civita. “Esse é um tabu antigo no país. Se você defende essa bandeira, logo o identificam como alguém que quer privatizar o sistema. É preciso, de uma vez por todas, começar a enxergar as questões da educação no Brasil com mais pragmatismo e menos ideologia”, afirmou.

 

A proposta, além de socialmente justa, poderia liberar mais recursos para a educação básica (da pré-escola ao ensino médio). O que o país gasta com um universitário ainda é 5,6 vezes maior do que com uma criança ou jovem entre 4 e 17 anos, embora essa distância venha caindo desde 2000, segundo dados do próprio Ministério da Educação.

 

(Da redação).

 

Jornal Destak