Reforma no Ensino Médio: como afeta o vestibular e o ensino superior?

Atualmente, esse é um dos assuntos mais importantes no mundo da educação pelos seus impactos. Um deles refere-se às grandes mudanças no dia a dia dos alunos e no jeito que as matérias serão abordadas nas escolas. Mas a Reforma vai mudar bem mais que apenas a rotina das escolas.

O que é a Reforma?

No dia 22 de setembro de 2016, o Governo Federal apresentou a Medida Provisória (MP) 746 que propõe mudanças tanto no formato da rotina do Ensino Médio, quanto nos conteúdos a serem ensinados.

A justificativa apresentada por trás dessa proposta é a de tentar aproximar a escola do mundo atual dos jovens estudantes, com uma grade de estudos mais atrativa, e reduzir as taxas de evasão. Para isso, o principal ponto da Reforma é a flexibilização do currículo através da disponibilização de matérias optativas e o enxugamento da quantidade total de disciplinas oferecidas.

Todas as escolas das redes pública e privada terão que atender às mudanças, mas os governos estaduais serão os maiores afetados por receberem 84% do total de alunos.

Quais as principais mudanças?

FLEXIBILIZAÇÃO
Um dos principais argumentos do Governo Federal para a execução da Reforma é que a estrutura do Ensino Médio hoje está muito engessada. Para mudar este panorama, foi proposta uma grade mais flexível.

As escolas deverão garantir conteúdos comuns no primeiro ano e áreas de aprofundamento no segundo e terceiro. Isso quer dizer que as matérias cursadas por um aluno não necessariamente serão as mesmas de outro, durante os dois últimos anos.

DISCIPLINAS

Só três disciplinas serão obrigatórias durante os três anos do Ensino: Português, Matemática e Inglês. Após o primeiro ano, os estudantes poderão escolher por qual caminho preferem dar ênfase: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza ou ensino profissionalizante.

A parte de conteúdo em comum e obrigatório ainda está para ser anunciado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Além disso, algumas matérias que hoje são obrigatórias, como Artes e Educação Física, passarão a ser optativas.

CARGA HORÁRIA

Outro ponto importante é que o período de tempo em que os alunos ficam nas escolas aumentará bastante, com o objetivo de melhorar o desempenho dos mesmos.

Hoje, a carga horária mínima é de 800 horas anuais e o proposto é de 1400 horas anuais. Isso significa, basicamente, que o ensino passará a ser em tempo integral. Para tornar esses valores mais próximos do dia a dia, o tempo nas escolas passará de 4 a 5 horas por dia para 7 horas em média.

Como vai afetar o vestibular?

Com a Reforma no Ensino Médio, muitas dúvidas se levantam em relação a quais mudanças vão acontecer nos vestibulares.

Um ponto importante a se levantar é que o Enem não foi citado no texto da Medida Provisória que propõe as alterações. Contudo, faz muito sentido esperar que os principais vestibulares e o exame de avaliação do ensino médio do país passem por mudanças, visto que a estrutura de como se ensina e as disciplinas do Ensino Médio passarão por modificações.

Algumas possibilidades de variações nas provas são mais prováveis do que outras. A seguir, abordamos mais a fundo alternativas que estão sendo bastante comentadas e devem chamar a sua atenção.

DIFERENTES MODELOS DE PROVAS

Como dissemos anteriormente, as disciplinas cursadas não serão as mesmas para todos os três anos do Ensino Médio. Os alunos poderão escolher por qual caminho preferem dar ênfase nos seus estudos. Sendo assim, levanta-se o questionamento de como os vestibulares irão se adaptar a essa nova realidade. Uma prova única padronizada passará a não ser mais eficiente, já que os conteúdos vistos pelos alunos serão diferentes.

Uma possibilidade levantada é a de que as provas se concentrarão nas três disciplinas em comum de todas grades de estudo: Português, Matemática e Inglês.

Contudo, a possibilidade mais provável e coerente é que sejam disponibilizadas provas com ênfases diferentes, que se adequem às escolhas que os estudantes tomaram para seus estudos. Ou seja, para cada uma das possibilidades de aprofundamento do Ensino Médio, haverá uma prova diferente.

Essa lógica é mais voltada às mudanças que afetarão o Enem, pois os vestibulares particulares, em maioria, já aplicam uma lógica parecida na segunda fase de seus processos, dividindo o conteúdo cobrado pelo curso de Ensino Superior escolhido pelo aluno. Embora seja possível que adequações ocorram para a primeira fase, que é mais generalista.

MAIOR NÍVEL DE EXIGÊNCIA

Outra modificação que se espera dos vestibulares e do Enem é um aumento no nível de dificuldade e exigência. Essa é uma hipótese que foi sustentada positivamente pela própria secretária-executiva do MEC, Maria Helena.

Esse é um ponto esperado, considerando-se que a carga horária em que os alunos ficam dentro das escolas irá subir bastante e também terão um conhecimento aprofundado em determinada direção.

O vestibular da Fuvest, que realiza o processo seletivo da USP e da Escola de Ciências Médicas da Santa Casa, é considerado referência no país e seu modelo é um possível modelo a que processos como do Enem se encaminham, no sentido de ter a primeira etapa mais generalista e a segunda cobrindo mais a fundo tópicos de uma carreira específica.

Como vai afetar o Ensino Superior?

Em relação às faculdades, as alterações feitas pela Reforma também gerarão impactos no seu modo de ensinar. Visto que os estudantes já terão um preparo mais especializado e focado desde o segundo ano do Ensino Médio, o nível de conhecimento ao chegar à faculdade será maior e mais aprofundado.

Isso faz com que a grade oferecida possa sofrer modificações, principalmente nos semestres iniciais em que são oferecidas matérias introdutórias e com objetivo de nivelamento de conhecimento.

Essas são as mudanças que vão acontecer em função da Reforma no Ensino Médio. Elas vão ocorrer dentro da sala de aula, mas não terminam aí. Vão muito além. Os vestibulares e o ensino superior terão que se adequar também.

Fonte: Notícia UNIVERSIA