Repetência e evasão minam o ensino médio, alerta Inep

Em debate na Comissão de Educação, presidente de instituto federal diz que 45% dos jovens entre 15 e 17 anos não chegam a concluir o ensino fundamental

Senadora Marisa Serrano, com a presidente do Inep, Malvina Tuttman: comissão analisa novo Plano Nacional de Educação, antes mesmo de sua chegada ao Senado

Dos 15 aos 17 anos, os jovens estão em idade de cursar o ensino médio, mas essa expectativa não vem sendo integralmente cumprida no país, disse ontem a presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). Dos 10,2 milhões de jovens nessa faixa etária, assinalou, 45% não chegaram a terminar o ensino fundamental, seja por atraso decorrente de reprovação ou, no caso de 15%, porque já desistiram da escola.

– Precisamos voltar e olhar o que está acontecendo no ensino fundamental, para entender porque os alunos estão repetindo e repetindo ou se evadindo – observou.

Malvina foi uma das convidadas de audiência destinada a examinar os problemas do ensino médio, na sequência de discussões que a comissão trava sobre o Plano Nacional de Educação (PNE) 2011-2021. O projeto do governo ainda tramita na Câmara, mas a comissão optou por antecipar as discussões.

De acordo com a presidente do Inep, órgão vinculado ao Ministério da Educação, a universalização do ensino fundamental foi um inegável avanço. Agora, o novo desafio – ao lado do esforço para estender o ensino médio a todos – é garantir qualidade, inclusive para que a escola seja mais atrativa e possa evitar a repetência e a evasão.

– Essa é uma responsabilidade de todos. Precisamos desmitificar o argumento de que o problema é do professor, que não resolve; ou do aluno, que não tem condições [de aprender]; do governo, que não investe; ou da família, que não liga – disse.

O representante do Conselho Nacional de Secretários de Educação, Maurício Holanda Maia, salientou que o ensino médio sempre funcionou como simples passagem para a universidade ou mercado de trabalho, no caso dos mais pobres. Para ele, esse ciclo necessita de “identidade” e isso deve partir de um reconhecimento: o ensino médio é lugar de “convivência de jovens”, seres em fase de afirmação e em busca de reconhecimento social.

– Se olharmos seus anseios, talvez possamos encontrar oportunidades para soluções mais significativas – comentou.

Maurício Maia, que também é secretário-adjunto de Educação do Ceará, sugeriu a ampliação das políticas de transferência de renda para os jovens carentes. Assim, eles teriam como acessar bens e serviços de baixo valor, como frequentar cinemas.