Reunião promovida pelo MEC e Forgrad esclarece dúvidas sobre o novo Enem

O Ministério da Educação (MEC) e o Fórum de pró-reitores de Graduação (Forgrad) promovem, durante esta quarta-feira, uma reunião técnica sobre o “Processo seletivo unificado – Novo Enem”, no auditório do edifício sede do ministério, em Brasília. Pró-reitores de Graduação e diretores de comissões de vestibulares das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) foram convidados a participarem da discussão sobre o novo Enem, que poderá ser usado parcial ou totalmente nos processos seletivos das Ifes.

O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), reitor Amaro Lins (UFPE) foi um dos integrantes da mesa de abertura do evento, ao lado do ministro da Educação Fernando Haddad, da secretária de Educação Superior do MEC Maria Paula Dallari, do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) Reynaldo Fernandes e da presidente do Forgrad Sandramara Matias Chaves.

A pró-reitora Sandramara Matias explicou que o objetivo da reunião é apresentar a matriz de referência do novo Enem. Segundo ela o evento é fundamental para esclarecer dúvidas, muitas delas lançadas no seminário “Acesso à universidade pública, gratuita e de qualidade”, promovido pela Andifes no dia 27 de abril. O presidente da Andifes, reitor Amaro Lins, falou da ansiedade que o tema das mudanças no vestibular gera em toda a sociedade: “Esse é um processo muito importante, que mexe com os estudantes e suas famílias. A imprensa está pressionando, aguardando um posicionamento nacional”.

O ministro Fernando Haddad explicou que a matriz apresentada hoje é a mais próxima do possível, neste momento. Porém, ele ressaltou que este é o início de um processo contínuo: “Vocês vão ajudar a construir essa matriz, que será gerida gradualmente e as universidades vão se adaptando”. Haddad também destacou a comparabilidade permitida pelo novo Enem: “As provas são comparáveis no tempo, porque os itens são pré-testados. Isso vai organizando o currículo do Ensino Médio assim como a prova Brasil foi organizando o Ensino Fundamental”. “Este é um convite à construção de um novo modelo, que será vitorioso. Essa reunião pode fazer história. Tenho segurança para dizer que estaremos desatando  um dos maiores nós da educação brasileira”, encerrou o ministro.

Matriz de referência

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) Reynaldo Fernandes apresentou a matriz de referência do novo Enem em primeira mão aos participantes do evento, antes mesmo dela passar pelo comitê de governança. Reynaldo Fernandes reforçou a intenção do Enem de medir habilidades e competências, segundo a concepção de que o conhecimento transmitido na escola deve servir para a vida. “Uma pessoa pode ter um conhecimento e ao mesmo tempo nenhuma compreensão dele”, afirmou Reynaldo.

O documento apresentado pelo presidente do Inep consiste na matriz de referência para cada uma das quatro áreas do conhecimento em que está dividido o novo Enem: linguagens, códigos e suas tecnologias (incluindo redação); ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias. Depois de explicar as habilidades a serem medidas em cada área, a matriz traz os conteúdos que podem ser utilizados para tal medição.

De acordo com Reynaldo Fernandes, “Não se pode cobrar todos os conteúdos de todas as áreas”, por isso a tentativa de enxugar alguns excessos. Segundo o presidente do Inep, a matriz de ciências naturais foi a que sofreu menos cortes. Sobre esses conteúdos, Fernandes assumiu que anteriormente o Enem estava muito centrado na questão ambiental, e agora abordará também questões de saúde e saúde pública, por exemplo. Na prova de humanidades, o conteúdo de história não seguirá uma ordem cronológica, mas abordará os conteúdos por temáticas; por exemplo: organização social, política, econômica, revoluções sociais. A decisão do comitê de governança pela retirada das provas de línguas estrangeiras está mantida. A plateia questionou o presidente do Inep, que garantiu que a matriz ainda pode ser alterada.

Parceria

Fernando Haddad destacou a atuação da Andifes como parceira nesta e em muitas outras propostas do ministério. “Desde que estou no MEC, todas as propostas foram validadas no pleno da Andifes, que contribui para o aperfeiçoamento, apresentando opiniões contrárias e favoráveis”, afirmou Haddad, lembrando do projeto do Reuni, uma proposta conjunta do MEC e da Andifes entregue ao presidente Lula.

Sobre a agenda do MEC, o ministro afirmou estar contemplando três pontos importantes, entre eles o plano nacional de formação de professores, que será lançado pelo presidente da república no dia 28 de maio e a mudança do Ensino Médio. O terceiro ponto é a autonomia universitária, que segundo o ministro merecerá seus esforços depois de encaminhadas as duas primeiras questões.