Sistema de cotas e Sisu fazem aumentar a procura por faculdades privadas

A concorrência para ingressar em uma instituição privada de ensino superior aumentou no Distrito Federal. Dois dos maiores centros universitários do DF relatam crescimento de 20% e 30% na procura pelo vestibular em 2014. Uma das explicações para o crescimento seriam as mudanças na forma de ingresso na Universidade de Brasília (UnB). Em 2013, a única federal pública da capital brasileira substituiu o vestibular tradicional do início do ano pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU), o que triplicou o número de inscritos. Adotou ainda o sistema de cotas para alunos da rede pública de ensino – que prevê reserva de 50% das vagas para esses estudantes a partir de 2016. Para este ano, serão 37,5%.

A dificuldade para ingressar na UnB aumentou em diversos cursos, principalmente para os estudantes que estão fora do recorte de baixa renda e racial. Em medicina, por exemplo, o número de candidatos por vaga em 2012 – antes da instituição da reserva – era de 90,93 no sistema universal. No segundo vestibular de 2014, subiu para 144,80. A concorrência também tem crescido em outros cursos de alta procura e refletido na migração para a rede privada. No UniCeub, a busca por uma vaga para formação de futuros médicos, advogados, arquitetos, engenheiros e psicólogos subiu consideravelmente. A média de aumento é de 30%. No Iesb, as inscrições para o vestibular cresceram após a instituição de cotas e do SISU nos cursos de direito, engenharia civil, gastronomia e publicidade.

O secretário-geral do UniCeub, Maurício Neves, acredita que a alta concorrência leva os alunos a buscarem outras opções de ensino superior em Brasília. “Percebemos que o maior aumento na procura é no fim do ano, pois englobamos os alunos do PAS, do SISU e das cotas. O movimento no vestibular aumentou e acredito que isso tenha ocorrido também em outros estados”, afirmou. No Iesb, em 2013, 15 mil pessoas se inscreveram para o processo seletivo. No ano seguinte, aumentou para 18 mil. “Os alunos que fizeram o ENEM e não atingiram a pontuação necessária para entrar nas universidades públicas vão para as particulares”, pondera Eda Coutinho, reitora do Centro Universitário Iesb.

Danielle KaoriYokoyama, 19 anos, cursa o 3º semestre de direito na Unieuro por meio do PROUNI. Ela fez todo o ensino médio em uma escola pública do DF e um ano de cursinho preparatório para o ENEM. Embora tivesse a oportunidade de tentar ingressar em universidades públicas por meio das cotas, preferiu o sistema universal. “É muita burocracia”, justifica. Segundo ela, apesar dos pontos positivos das cotas, houve um aumento na concorrência e há falta de investimentos na educação pública. “A concorrência é imensa. Você passa anos fazendo cursinho e, no fim, acaba entrando na universidade particular.”

Manoela Alcântara – Correio Braziliense