Sisu cresce quatro vezes em sete anos e concentra quase metade das vagas

Levantamento do G1 mostra a expansão de vagas do sistema do MEC, que desde 2010 usa a nota do Enem para selecionar candidatos para cada vez mais vagas no ensino superior público.

Criado depois da reformulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2009, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ganhou, em menos de uma década, o status de maior aglutinador de vagas em graduação nas instituições públicas do país. Entre 2010 e 2016, o número de vagas que as universidades, institutos e faculdades federais e estaduais decidiram destinar ao sistema cresceu mais de quatro vezes, e a concentração do total de vagas ofertadas no ensino superior público do Brasil no Sisu saltou de 10,7% para 43%.

Nesta terça, o Sisu 2018 do primeiro semestre abriu as inscrições para 239.601 vagas em 130 instituições.

O levantamento foi feito pelo G1 a partir de dados divulgados ano a ano pelo Ministério da Educação e informações das edições do Censo da Educação Superior de 2010 e 2016, ano dos dados mais recentes disponíveis.

A evolução do Sisu

Confira o histórico do sistema do MEC que usa a nota do Enem para selecionar alunos no ensino superior público

Fonte: MEC (os dados se referem apenas à edição do primeiro semestre de cada ano)

Em 2010, as 47.913 vagas oferecidas por meio do Sisu representaram 10,7% do total de 445.337 vagas oferecidas por vestibular ou outros processos seletivos de todos os cursos presenciais em universidades públicas, segundo os dados do Censo da Educação Superior.

Entre 2010 e 2016, as instituições públicas haviam expandido seu número total de vagas oferecidas para 529.239, um aumento de 18,8%. Mas, nesse mesmo período, a expansão de vagas do Sisu foi de 376%. Na edição do primeiro semestre de 2016, o Sisu reuniu 228.071 vagas, ou seja, 43,1% do total de novas vagas oferecidas no ensino superior público em todo o país.

Histórico do Sisu

Veja os números das edições do primeiro semestre de cada ano

Distribuição de vagas

Nesta edição, são 100 instituições federais participantes, e 30 estaduais. De acordo com o MEC, as instituições aumentaram o número de vagas oferecidas, mas reduziram o número de cursos com os quais aderiram ao sistema. O estado com o maior número de vagas oferecidas é Minas Gerais, que responde por 30.381 vagas, ou 12,7% do total do Sisu. Rondônia, com 328, e Roraima, com 886 vagas, são os estados com a menor oferta neste semestre.

Atualmente, segundo dados do MEC, só duas universidades federais não participam do Sisu: a Universidade Federal de Rondônia (Unir) e a Universidade Federal do Oeste do Pará. “Ele é por adesão e não é obrigatório. Das nossas 63 universidades federais, por exemplo, atualmente 61 já ofertam vagas”, explicou Fernando Bueno, coordenador-geral de Programas de Ensino Superior do MEC, em dezembro, quando a nova edição foi anunciada.

“Cada instituição tinha o seu vestibular, em uma data diferente. (…) Às vezes havia coincidência de datas e o candidato tinha que optar por um ou por outro. O Sisu veio para unificar.”

 

Cotas raciais e sociais

Das 239 mil vagas oferecidas pelo Sisu 2018, 121.266 (ou 50,6%) estão reservadas para alguma modalidade de cota social ou racial. São 103.897 vagas que seguirão a Lei Federal de Cotas, obrigatória apenas para as instituições federais, e 17.369 vagas de outras políticas de ação afirmativa que tanto as instituições federais quanto as estaduais têm liberdade para criar.

A USP, por exemplo, vai oferecer 2.745 vagas em 102 cursos pelo Sisu; dessas, 2.322 são destinadas a ações afirmativas, o que representa 84,5% do total.

O estado com o maior número de vagas reservadas para algum tipo de cota é Santa Catarina, com 60,8% do total. O Piauí, com 41,9% das vagas destinadas às ações afirmativas, é o estado com a menor porcentagem. As instituições federais são obrigadas por lei a destinar pelo menos 50% de suas vagas a cotistas, somando todas as vagas oferecidas, incluindo as do Sisu e as do vestibular tradicional.

Fonte: Portal G1