Tão perto, tão longe

Minha história – Jonathan Derek Souza e Silva, 20

Aprovado pelas cotas, morador de favela tem medo de perder vaga por dificuldades para se manter

RESUMO Morador de favela em SP, Jonathan Silva, 20, foi aprovado na federal de Sergipe por meio das cotas para alunos de escola pública e de baixa renda, previstas em lei federal. Ele, porém, não tem dinheiro para viajar e fazer a matrícula, que deve ser presencial (R$ 470 de avião ou R$ 340 de ônibus, em viagem de 35 horas). O aluno tem que se inscrever até terça. Mesmo que consiga, não sabe como se manterá em outro Estado.

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Moro no Grajaú, no extremo sul de São Paulo, bem na beira da represa Billings. Para construir nossa casa, fomos atrás de entulho.

Minha mãe faz bicos de faxineira em casa de família. Eu e meu pai também fazemos bicos. Conseguimos pagar apenas coisas de necessidades mais básicas.

Aqui na minha comunidade há uma presença cultural forte, com o hip hop, o skate. O rapper Criolo saiu daqui. Desde moleque, me chamou a atenção também o grafite.

Essa presença cultural me incentivou a dar atenção aos estudos. Meu sonho era a universidade pública. E, por causa do grafite, me interessei pelo curso de artes visuais.

Só que a escola básica pública aqui é defasada. Alguns professores me incentivaram, mas a estrutura é péssima.

Já fiquei um semestre inteiro sem professor. Fui atrás da Educafro [ONG que oferece cursinhos a alunos de baixa renda], para compensar.

Lá, me deram a noção de que a família com boa condição paga escola boa para o filho estudar em universidade pública depois. O pobre, que paga impostos, faz uma escola básica ruim e depois tem de ir para faculdade privada.

Lutei muito e disputei uma vaga em artes visuais na Universidade Federal de Sergipe pelo programa de cotas para alunos de escola pública com renda de até 1,5 salário mínimo. Eram três vagas. Passei em segundo lugar.

Parece um sonho, nem consigo acreditar direito. Sou do Grajaú, cara. E aqui a molecada precisa de exemplos de glória. Precisam ver que se pode vencer sem pistola.

Mas agora apareceu um monte de problemas. Tenho até terça-feira para viajar até Sergipe para a matrícula. Não tenho dinheiro para isso.

E, se eu conseguir ir, também não sei como vou ficar lá. O resultado da seleção para bolsas de moradia sai só em março. Não consigo voltar para São Paulo depois da matrícula e voltar para lá novamente para as aulas. E nem é garantido que conseguirei a bolsa, porque tem muito mais gente do que vaga.

Entre a matrícula e as aulas, o frei David [Santos, coordenador da Educafro] está vendo se alguma família católica pode me acolher. Mas não faço ideia de como conseguirei ir fazer a matrícula.

Quando me inscrevi no Sisu [sistema de seleção das universidades federais], não sabia que ia ser essa confusão. Pensei que seriam dadas condições para os pobres.

As cotas são uma grande conquista para nós. Mas a minha impressão é que o governo dá o doce, mas depois quer tirar. Alunos carentes deveriam ter garantia de bolsas, senão não adianta.

Neste momento, estou à deriva, é desesperador. Lutei até aqui, estudei, consegui passar. Parece que estou tão perto de algo que quero muito, mas, na verdade, isso pode escapar. E não falo só por mim. Falo por milhares.

Fábio Takahashi – Folha de S. Paulo

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