Total de calouros de engenharia no Brasil cresce 83% em 2010

Pesquisa baseada em censo do MEC mostra, porém, que número é insuficiente para mercado aquecido

Autor do levantamento observa ainda que 25% dos formandos fizeram cursos reprovados em exame federal

O número de novos alunos de engenharia quase dobrou no ano passado no país, mas as faculdades ainda não conseguem atender à demanda do mercado aquecido com o crescimento econômico.

As conclusões estão no levantamento do Observatório de Educação em Engenharia, grupo de pesquisa ligado à Universidade Federal de Juiz de Fora (MG). A base é o Censo da Educação Superior do Ministério da Educação, divulgado nesta semana.

A pesquisa aponta que o número de ingressantes nos cursos de engenharia cresceu 83% em 2010 em relação a 2009.

Considerando todas as carreiras presenciais no ensino superior, a elevação foi de 5%, segundo tabulação da Folha. Medicina e administração subiram 1%, e direito, 7%.

O aumento de calouros em engenharia ocorreu basicamente via vagas ociosas e foi puxado pelas áreas de produção e construção civil.

Segundo o pesquisador Vanderli Fava de Oliveira, um dos responsáveis pelo estudo, o aumento é devido às constantes notícias de carência de engenheiros no país.

Oliveira ressalta que o número de formandos ainda é baixo, considerando a demanda da indústria. Em 2010, foram 41 mil concluintes.

“A CNI [Confederação Nacional da Indústria] afirma que são necessários 70 mil novos engenheiros em 2011. Vamos ter de continuar a importar profissionais”, afirmou Oliveira, também diretor da Associação Brasileira de Ensino de Engenharia.

Segundo os últimos dados, cerca de 25% dos formandos da área fizeram cursos reprovados na avaliação federal.

MAIS CRESCIMENTO

O secretário de Ensino Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, disse que o crescimento na área decorre, em parte, da expansão de vagas públicas feita pelo governo. “Mas precisamos crescer mais.”

O representante do governo Dilma afirmou que o ministério finaliza estudo para identificar as regiões e as áreas da engenharia prioritárias, considerando os investimentos e as demandas previstas para os próximos anos.

“Em quatro ou cinco anos nossos números [de formados] estarão em patamares bem melhores”, disse o diretor da Escola Politécnica da USP, José Roberto Cardoso.