Três meses depois de furto de prova do Enem, Inep exonera dois diretores

Governo enviou pedido de ressarcimento ao consórcio que aplicou a prova

BRASÍLIA. Após três meses de investigação sobre o furto de uma prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) decidiu exonerar dois diretores e abriu uma sindicância interna para apurar as omissões dos funcionários públicos no episódio. O governo já enviou um pedido de ressarcimento ao Connasel, consórcio contratado para aplicar o Enem, e executará uma fiança bancária de R$ 6 milhões depositada pelo grupo.

Relatório de investigação sobre o caso é secreto O Inep concluiu um relatório parcial da auditoria sobre o caso, mas o documento é secreto e tratou apenas de questões burocráticas.

O novo presidente do Instituto, Joaquim José Soares Neto, pediu aprofundamento, mas não explicou o motivo da superficialidade da apuração — foram apontados erros no cálculo do primeiro pagamento e dúvidas sobre o prazo de desistência da Cesgranrio durante a licitação.

Foram ignoradas, por exemplo, as falsas garantias de segurança fornecidas em audiência, no edital e no contrato.

— Estamos fazendo uma reestruturação interna. Conversei com a equipe e expliquei que precisamos de especialistas em segurança e logística.

Com isso, os diretores de Administração e de Educação Básica disponibilizaram seus cargos — disse Soares Neto, que já presidiu o Cespe, centro de referência em realização de provas e concursos, ligado à Universidade de Brasília.

Ele se refere a Cláudio Francisco Souza de Salles, diretor de Gestão e Planejamento, e Heliton Ribeiro Tavares, diretor de Avaliação da Educação Básica. Apesar de desvincular a exoneração dos dois aos erros na administração do Enem, Soares Neto insistiu que o Inep precisa profissionalizar seus quadros.

Ele deixou claro que era responsabilidade do Inep monitorar todo o processo e decidir sobre a necessidade de visitas, comunicações formais e até o deslocamento de equipe para vistoria diária em momentos críticos. Não foi o que aconteceu antes do vazamento.

Heliton Tavares vistoriou a gráfica, por exemplo, mas não comunicou por escrito as exigências de segurança. Depois, alegou ao GLOBO que o Inep não precisa fiscalizar contratos de impressão nem de fornecimento de cafezinho. Foi ele que decidiu não corrigir o edital nem atualizar o contrato sobre a impossibilidade de apoio da Polícia Federal no processo.

Sobre esses erros, Soares Neto foi lacônico: — O relatório mostra que é necessário aprofundar

Leila Suwwan – O Globo, 14/01