UFAL lança Cartilha de Combate ao Assédio Moral e Sexual

Lançamento de Cartilha contou com palestra sobre assédio. Foto: Thiago Prado

Foi lançada nesta quinta-feira (6) a primeira Cartilha de Combate ao Assédio Moral e Sexual, fruto de um projeto em desenvolvimento deste 2016 visando criar uma política institucional voltada a esse tema por meio de uma resolução a ser apreciada pelo Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal de Alagoas. A solenidade ocorreu no auditório da Biblioteca Central (BC), no Campus A. C. Simões e contou com a participação de representantes dos três segmentos universitários na programação que contemplou palestra seguida debate.

A cartilha faz parte de uma série de medidas de valorização e promoção da qualidade de vida no trabalho proposta pela Gestão da Ufal e tem como público-alvo docentes e técnicos-administrativos. Ao presidir a solenidade, a reitora Valéria Correia destacou o pioneirismo da Ufal em trazer para a instituição o importante debate, assim como implantar ações efetivas para valorização da área de recursos humanos. Na oportunidade, citou os editais voltados à área e a criação do Fórum dos Técnicos.

 “Este é um passo importante que se estabelece. É preciso saber distinguir o que é conflito no trabalho, que é uma questão diferente de assédio. É importante o compromisso de todos com o trabalho para o desenvolvimento das atividades fins e meios para que a instituição desempenhe o seu papel de transformação de vidas servindo à sociedade”, disse a reitora ao reforçar a positividade da cartilha lançada e da futura minuta a ser apreciada pelo Consuni. Valéria teceu agradecimentos aos participantes da solenidade e à ação promovida pela Progep, por meio da Coordenação de Qualidade de Vida e do Trabalho (CQVT) e do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (Siass)

Os avanços ao longo de três anos realizados pela atual gestão, pautou a fala do vice-reitor José Vieira, presente à mesa de abertura da solenidade. “Mesmo com muitos obstáculos, há avanços concretos voltados à gestão de pessoas, e a cartilha com tema tão sensível e delicado é mais uma ação positiva que marca o pioneirismo da Ufal em tão importante área”, frisou.

A pró-reitora Carolina Abreu disse que o debate, iniciado em 2016, é contínuo: “A partir desse lançamento, cursos, rodas de conversas dentre outras ações serão realizadas em 2019 no âmbito da instituição. Anunciou na oportunidade, que a cartilha, dotada de orientações, ficará disponível no Portal da Ufal para livre acesso.

A cartilha foi produzida e apresentada pelos servidores Maria Zélia Lessa, enfermeira do trabalho da Unidade Siass/CQVT e Samuel Correia, técnico de Enfermagem da CQVT. Para a elaboração contou com uma equipe interdisciplinar. Segundo os responsáveis, foram feitas pesquisas em órgãos públicos. “O foco foram as instituições públicas e as federais e esse pioneirismo da Ufal deu visibilidade à esta ação. O projeto foi apresentado em vários órgãos federais de Alagoas e em eventos. Colocamo-nos à disposição para o trabalho em todas as unidades dos três campi da Universidade Federal de Alagoas”, disseram Zélia e Samuel. 

Assédio e cultura organizacional

A palestra proferida pela psicóloga Alda Karoline Lima da Silva, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte marcou o lançamento da cartilha e proporcionou o debate. O tema, denominado de Assédio moral e sua invisibilidade na cultura organizacional, diferenciação conceitual e sensibilização frente aos impactos do assédio na saúde psíquica, abordou a questão das apropriações frente a possíveis situações de violência ou assédio nos espaços laborais.

Com vasto conhecimento na área, Alda Karoline, que atua como consultora e pesquisadora em desenvolvimento de pessoas e na saúde e qualidade de vida do trabalhador, além de assessorar grupos nos casos de assédio moral e demais violências relacionadas ao trabalho, destacou o significado de ‘relações assediosas’, segundo ela, que podem fazer parte do cotidiano das  pessoas.

 “Assédio é dotado de algumas características para ser identificado como tal e hoje se tornou um modismo. E isso se tornou muito grave, como é grave o assédio moral.  A violência verbal é o primeiro disparador do assédio moral no trabalho”, frisou, ao contextualizar a violência e o assédio no contexto laboral que pode ocorrer de forma verbal e simbólica. “O assédio moral no trabalho tende a ser velado, oculto, ou seja, não se consegue provar. A invisibilidade é a característica mais difícil do assédio moral”, acrescentou Alda, doutora em Psicologia e docente da universidade potiguar.

Situações como estresse e cansaço para execução de uma tarefa; competitividade no trabalho; conflitos entre os colegas de trabalho ; chefias exigentes ou perfeccionistas; agressão pontual no local de trabalho; imposições profissionais em consonância com o contrato de trabalho; e más condições de trabalho e sobrecarga de tarefas sem ser exagerado ou com intenção e prejudicar o trabalho,  não direcionada a uma única pessoa ou grupo,  segundo a palestrante,  não se caracterizam como assédio moral. “O assédio acontece porque não conseguimos cortar de início”, falou.

As consequências do assédio moral no comportamento e na saúde causando transtornos psicopatológicos e psicossomáticos também foram destacadas pela psicóloga. Neste contexto, doenças como síndrome de ansiedade, depressão, irritabilidade, hipertensão e até asma brônquica, são alguns danos que acometem vítimas de assédio no trabalho. Alda que aproveitou para destacar algumas situações propensas ao assédio moral: isolamento imposto às pessoas; não dá tarefas ou obriga-las a fazê-las; e perseguir, ignorar a presença da pessoa.

Para conhecer a Cartilha de Combate ao Assédio Moral e Sexual, clique aqui ou acesse pelo QR Code da imagem.

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