UFAL recebe 70ª Reunião Anual da SBPC, em Maceió

Entre os dias 22 e 28 de julho, a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) recebe a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A SBPC Educação antecede a SBPC geral e será realizada nos campi da UFAL em Arapiraca e Delmiro Gouveia, nos dias 19 e 20, e no campus de Maceió de 19 a 21 de julho. É voltada aos educadores e gestores da educação básica, especialmente do Ensino fundamental, médio e técnico, trazendo presente temas como “Escola sem Partido”, Reforma do Ensino Médio e Base Nacional Comum Curricular. A partir do dia 23 de julho, após a abertura solene do dia 22, o iniciam-se a SBPC Afro Indígena, a SBPC Jovem, a SBPC Cultural, a SBPC Inovação, a ExpoT&C, o Simpósio Saúde e o Dia da Família na Ciência.

Para saber mais sobre o evento, acompanhe a entrevista feita com a reitora da UFAL, professora Valéria Correia.

O que esse evento representa para a universidade?

É um orgulho para a UFAL sediar pela primeira vez, nos seus 57 anos de existência, a 70ª edição da Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, palco de conferências e grandes debates sobre temas das diversas áreas do conhecimento, com a presença de cientistas renomados, com o tema “Ciência, Responsabilidade Social e Soberania”. Para a UFAL e toda a comunidade científica que estará reunida será um importante momento de reflexão sobre o papel das Universidades públicas na produção da Ciência do país, e sobre os cortes nos orçamentos das Universidades e da Ciência, Tecnologia e Inovação, os quais a ANDIFES vem denunciando.

Como a UFAL tem se preparado?

Há um ano estamos nos preparando, uma equipe da UFAL foi à 69ª edição da SBPC, que foi realizada na UFMG, para conhecer como eram os bastidores da estrutura. E, desde lá, temos nos reunido periodicamente com a equipe da SBPC nacional para programarmos cada passo. Adequamos a universidade para recepcionar e oferecer o que de melhor temos: desde a nossa hospitalidade, aos espaços dos auditórios onde ocorrerão importantes debates, palestras, conferências; salas onde acontecerão os cursos; a montagem dos stands e tendas onde ocorrerão a ExpoT&C e a SBPC jovem. Nessa preparação diversos espaços da universidade estão em manutenção com pinturas, recuperação das vias de acesso, ampliação da iluminação, etc. A segurança está sendo reforçada, com a colaborarão da polícia militar, civil e federal; o trânsito da região será mudado para melhorar o acesso. Contamos com o apoio dos Ministérios da Educação e da Saúde, do Governo Estadual da Prefeitura Municipal de Maceió, e de outras instituições e órgãos. Com todo esse envolvimento já podemos dizer que a SBPC está deixando o legado de recuperação de diversos espaços da universidade. Tudo isto em sintonia com a diretoria nacional da SBPC, sua equipe executora, especialmente com o professor Ildeu de Castro Moreira.

Qual a importância acadêmica desse evento para a UFAL?

A reunião da SBPC é um dos maiores eventos científicos da América Latina isso por reunir diversos pesquisadores renomados do país e internacionais. Congregar diversos pesquisadores em um mesmo espaço tem um significado ímpar para a UFAL, e para o Estado de Alagoas. Significa a possibilidade de disponibilizar para todos aqueles que circularão no evento a troca de experiências, de conhecimentos; a possibilidade dos estudantes, por exemplo, poderem conhecer, debater com suas “referências bibliográficas”, ou seja, estudiosos de sua área de formação que no dia a dia de suas aulas são conhecidos apenas através das leituras. A circulação de aproximadamente 15 mil pessoas, que é o publico estimado da SBPC, projeta positivamente a nossa Universidade, as Universidades públicas de forma geral e a produção científica e tecnológica brasileira, especialmente, em um contexto em que o setor público vem sendo desfinanciado. Será uma oportunidade de mostrar que o que produzimos em todas as áreas do conhecimento contribui para melhorar o cotidiano da vida das pessoas.

Como está o envolvimento do corpo discente na recepção à reunião?

Durante a reunião da SBPC as aulas estarão associadas à programação. Portanto, todos os estudantes estão orientados pelas coordenações de curso e docentes a participarem e aproveitarem intensamente todas as atividades. Estudantes em situação de vulnerabilidade econômica tiveram isenção na inscrição da SBPC, a partir de nossa solicitação acatada pela diretoria da SBPC. Quando abrimos o processo de inscrição para monitoria, mais de 1000 estudantes se inscreveram, sendo selecionados cerca de 400. Ou seja, o corpo discente também está com grande expectativa para a realização da reunião anual da SBPC na UFAL.

E dos servidores e professores da universidade?

O envolvimento dos servidores, tanto técnico-administrativos, quanto docentes tem sido para além de nossas expectativas, ou seja, o empenho e o envolvimento têm superado as dificuldades que são comuns em um evento dessa envergadura. Os técnicos nos setores administrativos têm dado um “show” de eficiência ratificando o seu compromisso com a universidade e com a recepção do evento, encaminhando os processos administrativos, mas também, muitos envolvidos com os professores no debate e definição da programação local junto com a nacional. Os professores, e pesquisadores, também, propondo mesas, oficinas, minicursos, mobilizando seus alunos para participarem do evento. Temos 378 grupos de pesquisa e mais de 400 projetos de extensão na UFAL e, de alguma forma, estão envolvidos no evento. Destaco a dedicação integral do vice-reitor José Vieira, que tem desenvolvido um trabalho brilhante na coordenação local deste evento. O professor Vieira e a equipe que tem trabalhado mais diretamente com ele, não têm medido esforços para a construção de um evento desta magnitude. Destaco também o trabalho e a dedicação da Pró-reitora de Graduação, professora Sandra Regina, coordenadora da SBPC Educação; da Pró-reitora de Extensão, professora Joelma Albuquerque, coordenadora da SBPC Jovem; do professor Marcelo Gianini, coordenador da SBPC Cultural, da coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB), professora Lígia Ferreira, coordenadora da SBPC Afro-Indígena. Importante destacar que é a primeira edição da SBPC em que o tema Afro se associa ao tema Indígena, como SBPC temática.  Muito bom que isto ocorresse na edição realizada em Alagoas, terra de Zumbi dos Palmares e Dandara.

Como foi escolhido do tema da reunião para esse ano?

As Universidades públicas brasileiras têm um impacto positivo imensurável na sociedade brasileira, pela grandeza de suas produções científicas nas diversas áreas do conhecimento – para a exploração de petróleo em águas profundas (pré-sal), para a produção de grãos, para o desenvolvimento da indústria naval, para o crescimento da indústria aeronáutica, para a construção de hidrelétricas e outras obras de engenharia complexa, na produção de fármacos, no combate a doenças, na atenção à saúde, na área da informática, das telecomunicações, das políticas sociais, da cultura e da arte. E, por serem trincheiras de defesa dos mais altos valores da humanidade – democracia, direitos humanos e sociais, proteção ao meio ambiente e à vida.

O Brasil tem se destacado na área da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), ocupa o 13º lugar no ranking da produção científica mundial. Entretanto, os cortes orçamentários nas Universidades federais e em CT&I são preocupantes e ameaçam esta produção e o próprio funcionamento das Universidades. Em 2018, o orçamento das Universidades para investimentos é 90% menor do que o de 2014 e, para o custeio, é 20% menor. O orçamento de custeio e investimento em CT&I do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações passou de R$ 8,4 bilhões em 2013, para R$ 3,2 bilhões em 2017. A previsão de corte de 25% em 2018, em relação ao orçamento de 2017, torna esta situação mais grave. Foi olhando para este cenário que hora se apresenta para os brasileiros, da necessidade de reafirmamos que o Estado brasileiro deve investir mais nas universidades, na ciência, na tecnologia e inovação; de ratificarmos a importância que as universidades públicas têm para o desenvolvimento da pesquisa e, por conseguinte, de sua contribuição para a soberania da nação brasileira; de dizermos para a sociedade e para a classe política do país que com cortes, redução de investimentos não há desenvolvimento científico, tecnológico, por tanto, soberania, sustentabilidade de uma nação é que escolhemos para a 70ª reunião anual da SBPC o tema: “Ciência, Responsabilidade Social e Soberania”.

Considerando o atual cenário que a ciência brasileira vive, o que a senhora espera dessa reunião?

A SBPC certamente, em um ano eleitoral, será palco de debates importantes para os rumos do país, na perspectiva da democracia e da soberania. Outros temas candentes serão a autonomia universitária e a liberdade de cátedra, tão ameaçados nos tempos recentes. Sem dúvida, além dos debates haverá articulações de entidades científicas, dos movimentos sociais contra a diminuição dos investimentos nas Universidades Públicas e na Ciência, Tecnologia e Inovação.

Será momento de reafirmar o inscrito na “Carta de Córdoba” de 2018: A educação superior é um bem público social, um direito humano e universal e um dever do Estado.

A senhora acredita que um evento desse porte poderá influenciar no período eleitoral?

Sem dúvidas!  A universidade é uma instituição que tem em sua natureza a função social de formar, portanto, estamos falando de uma instituição que contribui no processo de formação da opinião dos diversos sujeitos que por ela circulam. A expectativa na SBPC é de um publico em torno de 15 mil pessoas. Considerando que o debate central desta reunião estará voltado para os impactos da redução dos investimentos nas universidades, na CT&I e como isso pode trazer resultados ainda mais negativos no desenvolvimento social e econômico do Brasil, o grande debate posto para os presidenciáveis é como os seus programas de governos se comprometem com a ampliação dos investimentos em educação básica e superior, especialmente as universidades públicas, com mais investimentos em CT&I. É isso que a comunidade universitária que saber! Esse é um dos assuntos que com certeza mobilizará e influenciará o voto da grande comunidade universitária, através dos seus milhares de estudantes e servidores espalhados nas 63 universidades federais desse país.

Quem pode participar?

O evento é aberto ao público e as programações poderão ser assistidas gratuitamente pelos visitantes, sem a necessidade de inscrição. Mas, para receber o material e o certificado é necessário realizar inscrição. Como participar em um evento desta magnitude tem peso no currículo, é recomendável fazer a inscrição.

Deixe um convite ao público.

A toda a comunidade científica nacional e internacional, estudantes, servidores das universidades, sociedade brasileira e alagoana, estamos de braços abertos para recebê-los, com o carinho e a hospitalidade característica do povo alagoano, e fazermos juntos esse grande e importante momento histórico: a 70ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Comemoraremos esta data memorável na UFAL, reconhecendo o trabalho desenvolvido pelo Professor Ildeu de Castro Moreira e por toda a diretoria da SBPC, parabenizando-os pelos relevantes serviços prestados à Ciência brasileira e à construção de um país democrático e soberano.