UFAM destaca importância de debater o suicídio

SÃO LUÍS – “Em 50% dos óbitos causados pelo suicídio, o indivíduo tentou uma ou mais vezes antes. Então, a tentativa de suicídio é um dos maiores fatores de risco para obter o êxito. Por isso, quando se conhece alguém que já tentou cometer tal ato, as pessoas ao redor precisam ficar alertas e acolhedoras em relação a esse indivíduo que pode vir a concretizar a ação”, ressaltou a médica psiquiatra Samia Jamile Damous Duailibe de Aguiar Carneiro Coelho, durante o webinário “Suicídio: Vamos falar abertamente sobre isso?”, realizado pela Diretoria de Tecnologias na Educação da Universidade Federal do Maranhão (DTED), por meio do projeto “EaD Para Você”, que abordou a necessidade de tratar sobre o tema.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que 800 mil pessoas recorreram ao suicídio em 2016 no mundo. Isso significa que a cada quatro segundos, alguém morre em decorrência disso. No Brasil, foram registrados 13.467 casos, sendo a maior incidência entre os homens na faixa etária de 20 a 39 anos. Houve também aumento nas taxas de suicídio e automutilação entre os adolescentes e jovens adultos.

Por isso campanhas e ações como “Setembro Amarelo”, que busca discutir sobre a prevenção ao suicídio, e o Centro de Valorização da Vida (CVV), que presta apoio emocional de forma voluntária às pessoas vulneráveis por meio de chat, e-mail e telefone 24 horas, são importantes e devem ser divulgadas.

Em torno do suicídio, há uma série de questões muito complexas que podem levar os indivíduos a cometerem esse ato. Antes de chegar a esse ponto, as pessoas dão sinais e falam a desconhecidos e conhecidos sobre a ideia. Somado a isso, há também a interação de fatores ambientais, psicológicos, biológicos, genéticos, sociais, culturais, situacionais, estressores recentes — desemprego, abusos — alta disponibilidade e letalidade dos métodos.

Além disso, a pandemia da covid-19 foi um momento delicado em relação à saúde mental das pessoas, que piorou muito em virtude das perdas de amigos e familiares provocadas pelo vírus, o medo da contaminação, a solidão causada pelo isolamento social, entre outros fatores, o que contribuiu para a intensidade de emoções negativas.

Alerta quanto às expressões e à abordagem

Expressões e mitos disseminados acerca do tema podem se tornar um problema e intervir na prevenção ao suicídio. Diferentemente do que se pensa, muitas vezes, o indivíduo o qual recorre ao suicídio não está decidido quanto a isso, há uma ambivalência, por isso, ao mesmo tempo que ele tem a ideia, ele quer ser salvo. Outra crença está relacionada ao receio de perguntar sobre o assunto a alguém por pensar que, se questionar a respeito disso, consequentemente poderá induzir essa pessoa a cometer o suicídio. Porém, pelo contrário, ele poderá se sentir bem pela oportunidade de conversar.

“Uma frase que a gente escuta muito é ‘quem quer se matar mesmo, se mata logo’. Claro que não. Quem quer se matar, na verdade, quer ajuda, a pessoa não quer morrer. Por isso elas tentam várias vezes, porque elas querem ser salvas. E ainda há a frase ‘é só pra chamar atenção ou são pessoas fracas’. É para chamar atenção, sim, mas é para chamar atenção que ela precisa de ajuda, que ela não está bem. Foi a forma que, infelizmente, ela teve que recorrer para chamar atenção do núcleo social do qual ela faz parte”, comentou a médica psiquiatra.

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