UFAM – Fórum Permanente aborda ‘Desenvolvimento e Povos Indígenas’

Nesta edição, o professor do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (DA/Ufam), Lino Neves, proferiu nesta quinta-feira, 23, às 15h, a palestra ‘Desenvolvimento e os Povos Indígenas’. A sessão ocorreu na sala de reuniões da Câmara de Extensão da Pró-Reitoria de Extensão (CEI/Proext), localizada na Administração Superior, Setor Norte do Campus Universitário.

Ao iniciar a palestra, o professor Lino Neves utilizou o termo denominado pelos povos indígenas da Bolívia de ‘conversatório’, que quer dizer ‘abrir a boca’, no sentido de começar uma discussão para determinados questões afins da sustentabilidade. Com isso, o docente estabeleceu conceitos de desenvolvimento excludentes de povos indígenas e tradicionais, cujo interesse é o poder econômico. Ele destacou que o termo ‘sustentabilidade’ vem sendo usado erroneamente nos dias atuais.

De acordo como o professor, entende-se como desenvolvimento sustentável as ações que não comprometem os recursos naturais, no entanto, isso tem sido utilizado de forma indiscriminada, sem nenhum rigor crítico. Ele acredita que o desenvolvimento é sempre crescente e esquecem que não há sustentabilidade quando não se percebe que os recursos são finitos, que vão se esgotar.

Neves disse que, em nossa atualidade, o termo sustentabilidade está tão mal utilizado, sendo adjetivo de uma Fórum Permanente reúne professores, pesquisadores e representantes de instituições diversas Fórum Permanente reúne professores, pesquisadores e representantes de instituições diversas atividade produtiva. Exemplo disso é a implementação de projetos de mineração financiados pelo seguimento político que podem trazer várias consequências não somente no âmbito ambiental, mas social.

Para ele, associado à ideia de desenvolvimento sustentável está a de autossustentável. Nele, o professor explica que este modelo segue como auto reprodutivo, criando condições básicas de desenvolvimento. “É um processo que se retroalimentaria”, disse o professor.

Dentre os conceitos elencados, etnodesenvolvimento foi abordado pelo professor, que acredita na revisão das políticas governamentais junto às comunidades indígenas, quilombolas ou tradicionais. Para ele, desenvolvimento não é apenas uma questão econômica, produtiva e de qualidade de vida mas é a reunião de todos esses itens que permitem uma vida saudável.

Neves lembrou que o termo foi utilizado pela primeira na Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente, na Suécia, em 1972, quando o mundo tomou consciência da crise ambiental pelo uso inapropriado dos recursos naturais. “O crescimento econômico não deve estar desassociado do desenvolvimento social e da proteção ambiental”, afirmou o docente.

O professor explicou ainda outro tipo de conceito que está associado ao etnodesenvolvimento, chamado de Ecodesenvolvimento. Este, por sua vez, está conectado a um mundo diverso, onde cada cultura tem sua especificidade. “Não se pode pensar que haverá um desenvolvimento são e harmonioso que possa trazer um benefício às pessoas, se não considerarmos às particularidades culturais”, completa o palestrante.

O Fórum foi presidido pelo titular da Pró-Reitoria de Extensão(Proext), professor Ricardo Bessa, em que se fizeram presentes os professores aposentados Alcibiades Oliveira (FD) e Humberto Micheles (FES), os professores dos Departamentos de Ciências Sociais, Filosofia e Medicina, Almir Menezes, José Alcimar, Antonio de Pádua, respectivamente, a diretora de Departamento de Políticas Afirmativas (Proext), professora Cláudia Guerra, representante do Instituto Amazônico de Cidadania (IACI), Raí Souza, representante Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya), discente do Colegiado Indígena do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS), professora do Faculdade de Letras (Flet), Eneida Alice, dentre outros convidados.

Sobre o Fórum

De acordo com a coordenação, o Fórum para o Desenvolvimento do Amazonas surgiu como uma iniciativa da Proext da Ufam para dar subsídios teóricos de modo a contribuir para com a solução dos problemas mais graves que entravam o desenvolvimento econômico e social do Amazonas.

Outro objetivo do Fórum é auxiliar na formação acadêmica dos estudantes e pesquisadores por meio de levantamentos de problemas e hipóteses que possam instigar o desenvolvimento da pesquisa regional, estimulando a proliferação de uma consciência amazônica voltada para a solução de problemas regionais, a partir de suas condições reais objetivas e no contexto de uma política de desenvolvimento autossustentável.