UFAM qualificará, em parceria com Cetam, agentes indígenas de saúde e de saneamento

O curso tem carga horária de 500 horas para agentes indígenas de saúde e 450 horas para agentes indígenas de saneamento e é uma parceria com o Cetam. 

Na abertura do evento, o hino nacional foi entoado pela pequena Thaisa, da etnia Kambeba, também na língua KambebaA Universidade Federal do Amazonas (Ufam) sediou o evento de lançamento e vai executar a partir do mês de abril, em todo Amazonas, o curso de Qualificação de Agentes Indígenas de Saúde (AIS) e de Saneamento (Aisan).

O objetivo do curso de Qualificação de Agentes indígenas de Saúde e de Saneamento é qualificar agentes indígenas, que já atuam na área, em curso e atividades de prevenção e promoção da saúde nos territórios.

Oferecido pelo Ministério da Saúde por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), a iniciativa foi implementada de forma inédita, tendo à frente o Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) e a Universidade, cujos dirigentes participaram da solenidade no auditório Rio Amazonas, na última sexta-feira, 23. À mesa da cerimônia estiveram o secretário da Sesai, Marco Antônio Toccolini, o reitor da Ufam, professor Sylvio Puga, o diretor-presidente do Cetam, José Augusto de Melo Neto, além de autoridades locais, como o deputado federal Pauderney Avelino e lideranças indígenas de diversas etnias como Francisco Urum, presidente da Associação Tururukari-Uka, da etnia Kambeba, de Manacapuru, interior do Amazonas.

O Estado do Amazonas é o primeiro a receber o Programa de qualificação para agentes indígenas. É o que contabiliza a maior população nativa da Federação, somando 196 mil indígenas e também o de maior número de Distritos Sanitários Especiais Indígenas do Amazonas (DSEIs).

Segundo o secretário da Sesai, Marco Antônio Toccolini, Cetam e Ufam foram escolhidos pelo Ministério da Saúde por terem experiência e habilidade na área de pesquisa e de educação permanente.

Secretário da Sesai e reitor entregam kits de estudo a dois agentes indígenasSecretário da Sesai e reitor entregam kits de estudo a dois agentes indígenas

“Esse passo que nós estamos dando junto à Ufam e ao Cetam vem ao encontro das diretrizes da gestão que implantamos no início das atividades da Sesai. Estamos não apenas atendendo às necessidade formativas de agentes indígenas de saúde e de saneamento mas, também, voltadas às práticas de saúde com respeito às práticas tradicionais. Serão dois anos de curso que podem até mesmo instigar esses mesmos agentes a continuarem avançando nas qualificações, o que para as comunidades indígenas é de grande valia”, disse.

O diretor-presidente do Cetam, José Augusto de Melo Neto, reiterou o compromisso do governo estadual com a formação profissional a toda a população, em especial à indígena. “O Amazonas foi escolhido para ser o primeiro a receber o curso por uma questão demográfica, mas também como forma de corrigir uma dívida em relação à implementação de políticas sociais para com essa população. Ficamos felizes de fazer parte desse momento e de estarmos acompanhando um movimento em prol da melhoria das condições de vida dos povos nativos”, considerou.

O assessor especial da Ufam, professor Edmilson Bruno, abriu os pronunciamentos pela Universidade e considerou a formação indígena como estratégica. “A iniciativa visa favorecer à apropriação dos conhecimentos em recursos técnicos em medicina ocidental de modo a somar às práticas tradicionais próprias. A qualificação deve ser concebida como parte do processo de construção dos distritos sanitários especiais indígenas. Dessa forma, a capacitação, os saberes em saúde dos indígenas e não indígenas se complementam e se fortalecem”, observou.

Para encerrar os pronunciamentos, o reitor da Ufam, professor Sylvio Puga, afirmou que as parcerias são imprescindíveis e vão além do escopo ministerial da Educação.

Solenidade reuniu indígenas que passarão pelo curso. Ao longo de dois anos, eles serão qualificados para atuar nas comunidades indígenasSolenidade reuniu indígenas que passarão pelo curso. Ao longo de dois anos, eles serão qualificados para atuar nas comunidades indígenas

“Ninguém trabalha de forma isolada. Nós e o Cetam temos uma grande parceria para disseminar o conhecimento no interior do Amazonas e o gestor do Cetam, professor José Augusto de Melo Neto, tem essa sensibilidade de entender que isso se faz necessário. E, hoje, por que estamos trabalhando com o Sesai? Tradicionalmente a Ufam trabalhava apenas com o Ministério da Educação, mas levando em consideração a grandiosidade da nossa Universidade, do nosso estado e a agenda que integra nossa realidade, buscamos outras parcerias, com outros ministérios, sejam eles da Saúde ou da Cultura. O que estamos fazendo hoje, é resgatar uma dívida que a Universidade tem junto à comunidade indígena do Estado”, frisou.

Ainda durante o evento, o professor indígena Waldemar da Silva, do polo Belém do Solimões, do Alto Solimões e João Lana, do polo base Lauarete Cachoeira, do Alto Rio Negro, receberam kits de estudo. O reitor, professor Sylvio Puga e o gestor do Cetam, professor José Augusto de Melo Neto, entregaram o certificado ao representante discente no curso AIS e Aisan ao tukano João Lima Barreto.

Sobre o curso – Participarão do Programa, 1.530 agentes indígenas de saúde e agentes indígenas de saneamento dos setes Distritos Sanitários Especiais Indígenas do Amazonas (DSEI), que abrangem todo o Estado.

O curso tem carga horária de 500 horas para agentes indígenas de saúde e 450 horas para agentes indígenas de saneamento. Para a execução, 91 professores foram previamente selecionados e receberam capacitação pedagógica. As aulas têm início previsto para o dia 9 de abril nos Distritos.