Ufersa desenvolve alarme para bebê conforto e cadeirinhas

O professor e pesquisador da Ufersa Rogério Taygra, juntamente com os discentes Moisés Medeiros dos Santos e Marcus Vinícius de Medeiros Costa, do curso de Ciência e Tecnologia do Campus Angicos, desenvolveram um sistema de alarme eletrônico para dispositivo de retenção infantil (cadeirinhas) com aplicação na área de segurança no transporte de crianças, visando prevenir acidentes decorrentes do esquecimento dessas em automóveis.

O uso de dispositivos de retenção para crianças, que se tornou obrigatório no Brasil por meio da Resolução N.º 277, em vigor desde maio de 2008, reduz a probabilidade de lesões fatais em cerca de 70% entre bebês e de 54% a 80% entre as crianças de 2 a 7 anos. Contudo, com o aumento do uso desses dispositivos também se observou um aumento no número de vítimas fatais – de tenra idade – por asfixia ou queimaduras severas, ocasionadas pelo abandono acidental desses menores no interior dos veículos.

Para o professor Rogério Taygra, a motivação para o desenvolvimento dessa tecnologia surgiu após um momento de comoção nacional, ocorrido recentemente, quando um bebê de 10 meses morreu após ser esquecido por seus pais no automóvel da família. “O senso comum nos diz que a morte de uma criança nessas circunstâncias é causada pela negligência de seus responsáveis. No entanto, pesquisas apontam que temos uma memória construída por hábitos, o que nos permite realizar tarefas repetitivas com bastante habilidade, o problema é que ela pode, ocasionalmente, suprimir a memória prospectiva, que é a que lida com o que vai acontecer. Assim, uma simples quebra de rotina poderia fazer com que o responsável pela condução da criança a esquecesse no veículo. Sou pai e minha filha faz uso desse dispositivo. Portanto, ao perceber que fatos como esse podem acontecer com qualquer um, propus aos alunos esse projeto.”

Atualmente, os sistemas de alarme para dispositivos de retenção existentes no mercado constituem-se em sensores de peso na cadeirinha do bebê e aplicativos com função Child Reminder (lembrete da criança) para o automóvel, celulares ou relógios inteligentes. “Certamente são um avanço na prevenção desses lamentáveis acidentes, no entanto, além de estarem vinculadas à tecnologia de alto custo, onde o motorista de baixo poder aquisitivo não teria acesso, o esquecimento ou a falta de bateria de um desses aparelhos poderia ocasionar tal desastre”, explicou o professor Rogério.

Por outro lado, o projeto desenvolvido pelos pesquisadores da Ufersa é constituído de um sistema de alarme composto por sensores de presença instalados em cada um dos assentos do veículo e na cadeirinha do bebê, uma central eletrônica para o processamento de dados com algoritmo próprio, e um alarme sonoro, além de contar com fornecimento próprio de energia.

O funcionamento do sistema é explicado pelos discentes Moisés Medeiros e Marcus Vinícius e ilustrado pela figura abaixo:

Caso o sensor instalado na cadeirinha infantil (1) indique a presença de um bebê no veículo, e o sensores instalados nos demais acentos do veículo (2) não indiquem a presença de outros ocupantes, a central eletrônica (3) receberá e processará o sinal, e então acionará imediatamente o alarme sonoro, chamando a atenção de pessoas próximas.

Funcionamento do sistema. Imagem: Cedida.

 
Legenda do funcionamento do sistema. Imagem: Cedida.
 

“Quando o Professor Rogério lançou, para nós, a ideia desse projeto, bem como a sua importância, mesmo com pouca experiência no desenvolvimento desses sistemas, e com poucos recursos, aceitamos o desafio e nos dedicamos integralmente ao projeto, conseguindo produzir o primeiro protótipo em uma semana. Isso mostra que independentemente de onde viemos, com dedicação e o apoio da universidade, podemos alcançar nossos objetivos”, comenta Moisés Medeiros.

Para o discente Marcus Vinícius, além de prevenir acidentes lamentáveis pelo esquecimento de crianças em automóveis, este equipamento vem, mais uma vez, evidenciar o papel da Ufersa no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias que refletem na vida de toda a sociedade.

O projeto recebeu o apoio e a orientação do Núcleo de Inovação Tecnológica/NIT da Ufersa e já teve seu pedido de patente protocolado, e promete ser de baixo custo, fácil implantação e de alta eficiência.