UFLA reduz pela metade consumo de energia da ETE

Pesquisa aponta que filtros de ar podem ser desligados durante o dia sem prejudicar o processo de tratamento de esgoto

A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Universidade Federal de Lavras (UFLA) abriga diversos estudos sobre maneiras mais eficientes para o tratamento de efluentes. Uma dessas pesquisas é coordenada pela professora Camila Silva Franco, do departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária, e resultou em uma economia de 50% na energia elétrica utilizada na estação. O projeto “Efeito de diferentes tempos de aeração na eficiência de remoção de matéria orgânica e nitrogenada” originou a dissertação da mestra em tecnologias e inovações ambientais Cirlene Tagliatti da Silva.

De acordo com Cirlene, o resultado das análises mostrou que era possível obter bons resultados na remoção da matéria orgânica e do nitrogênio, e ainda reduzir o gasto energético ligando as bombas apenas à noite. “Por dia, gastava-se cerca de 300 kW/h e agora conseguimos reduzir esse valor pela metade, além de diminuir o ruído causado pelos equipamentos para os operadores da ETE.”

A ETE possui seis reatores anaeróbios e seis reatores aeróbios que realizam a remoção de poluentes das águas residuárias provenientes das atividades do câmpus da UFLA. Conforme explica a professora Camila, o estudo teve como foco a etapa de pós-tratamento, que visa a degradação da matéria orgânica através do filtro biológico areado submerso (FBAS), reator aeróbio. “Nesses filtros existe uma bomba que sopra ar com oxigênio para dentro do filtro. Há também um suporte que serve de base para as bactérias se desenvolverem. As bactérias degradam a matéria orgânica e convertem o nitrogênio amoniacal em nitrato com o uso do oxigênio. Nossa hipótese era de que o soprador de ar não precisava ficar ligado 24 horas por dia, e que isso, inclusive, poderia até prejudicar o processo de tratamento”, diz Camila.

O projeto foi realizado em duas etapas. Na primeira, foi avaliada a distribuição do oxigênio nos reatores. As pesquisadoras observaram que o nível de oxigênio estava muito alto, o que promove um acúmulo não benéfico de nitrogênio no efluente final.

Depois, elas escolheram o filtro que possuía a menor oxigenação e avaliaram a bomba ligada por 24h (aeração contínua), e 12h, 6h e 2h (aeração intermitente). “Nós potencializamos o que já acontece na natureza, proporcionando condições ambientais adequadas para a decomposição da matéria orgânica, que nesse processo ocorre mais rápido, antes de se lançar o esgoto no curso d’ água”, enfatiza a docente.

Estação de tratamento de efluentes

Reportagem: Karina Mascarenhas – bolsista Dcom/Fapemig

Edição de vídeo: Rafael de Paiva – estagiário Dcom/UFLA