UFRA – Projeto de produção de alevinos de camurim beneficiará comunidades ribeirinhas de Curaçá

Pescadores de áreas ribeirinhas do entorno do Rio Muriá, no município de Curuçá (PA), ganharam uma alternativa para a geração de renda: a criação de camurim. Também conhecido como robalo, o camurim é considerado um peixe nobre, com alto valor de mercado, sendo usado tanto na culinária brasileira quanto na japonesa. Porém, diferente da região Sul do Brasil, onde já existe tecnologia para criação da espécie em águas frias, ainda não havia tecnologia desenvolvida para as águas quentes encontradas no Pará.

No último dia 26 de junho, a Fundação de Apoio à Pesquisa, Extensão e Ensino em Ciências Agrárias (FUNPEA) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) lançaram no município o Projeto Camurim. A cerimônia foi realizada na Reserva Extrativista (RESEX) Mãe Grande de Curuçá, onde está localizado o CETEMAR – Centro de Tecnologia de Recursos Marinhos da FUNPEA -, que foi inaugurado na mesma ocasião.

O projeto, que tem o financiamento da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), visa à produção de alevinos de camurim. Segundo o presidente da FUNPEA, Carlos Albino Magalhães, o projeto começou a ser desenvolvido há dois anos para beneficiar as comunidades costeiras da região, com o objetivo de gerar renda e melhores condições de vida para as famílias.

O coordenador do projeto, Prof. Adércio Lobão (UFRA/FUNPEA) explica que, nesta primeira fase, os pesquisadores testarão o cultivo do camurim em tanques-rede. “Vamos testar três densidades diferentes de estocagem para determinar a densidade ideal e verificar o crescimento e a viabilidade econômica disso. O segundo passo será testar a alimentação natural: aqueles peixes que são descartados pelo pescador e jogados na praia, gerando poluição, como arraia, peixe-espada e sardinha, que não têm valor comercial, serão capturados, moídos e fornecidos aos camurins”.

O presidente da Cooperativa dos Agricultores de Curuçá, José Alberto Maciel, afirma que o projeto traz esperança para as famílias que dependem da pesca para viver. “Aqui na área da RESEX os agricultores familiares também são pescadores artesanais. A gente vê esse como um projeto de extrema importância para o desenvolvimento do nosso município”.

Para o Reitor da UFRA, Prof. Sueo Numazawa, este é apenas o primeiro passo, pois a infraestrutura instalada na RESEX deverá gerar diversas pesquisas que resultarão em dissertações de mestrado, teses de doutorado, desenvolvimento de novas tecnologias, inovação e outros processos de geração de renda para a comunidade. Durante a cerimônia de lançamento, o Reitor frisou a importância do projeto para as futuras gerações: “Tudo o que a natureza tem – água, animais, luz, chuva -, nós não herdamos dos nossos antepassados. Na verdade, nós tomamos emprestado dos nossos descendentes – filhos, netos, bisnetos. Este projeto mostra que nós temos responsabilidade na conservação da natureza e, no futuro, ele vai gerar melhores condições para a comunidade”.

Estiveram presentes na cerimônia de lançamento do Projeto Camurim o Superintendente Adjunto da SUDAM, Inocêncio Gasparim, representando o superintendente Djalma Mello; o representante do Ministério da Pesca e Aquicultura, Luíz Sérgio Borges; o representante da prefeita Nadage Ferreira de Curuçá, Charles Cardoso; o diretor do Campus da UFRA em Capanema, Prof. Sérgio Pinheiro; representantes do Banco da Amazônia e da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará,entre outras entidades, além de dezenas de moradores da região.