A malária é uma doença infecciosa potencialmente grave, causada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida entre pessoas pela picada de fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles. Os laboratórios brasileiros que integram a Rede Genoma Brasileiro finalizaram os trabalhos de sequenciamento do genoma do mosquito transmissor da malária na região amazônica, e o Laboratório Genoma/UFRPE teve participação direta nos trabalhos das análises e anotações das sequências geradas pelo sequenciamento do genoma (transcriptoma) do Anopheles darlingi e comparação filogenética com outras espécies de mosquitos.

A malária é típica de países tropicais, sendo conhecida também como paludismo e atinge anualmente quase meio milhão de pessoas em diferentes partes do mundo.  A malária mais grave, que pode mutilar e levar a morte, é causada pelo protozoário P. falciparum.

O Anopheles darlingi é o principal vetor da malária humana nas Américas do Sul e Central sendo que no Brasil ele é responsável praticamente por toda a transmissão da doença na região Amazônica fazendo muitas vítimas todos os anos. Esta espécie é considerada a mais antropofílica e endofágica entre os anofelinos das Américas sendo a mais encontrada picando no interior e nas proximidades das residências.  Na África, esta doença é muito comum causada também pelo P. falciparum e transmitida pelo mosquito Anopheles gambiae cujo genoma já foi sequenciado em 2002.

Os resultados da Rede Genoma Brasileiro foram publicados em junho de 2013 na revista Nucleic Acids Research com impact factor 8.026. Na UFRPE, as atividades foram coordenadas pela professora Maria de Mascena Diniz Maia, do Departamento de Biologia-Genética da UFRPE, com a participação do professor Martin Alejandro Montes, também do DB/UFRPE.

O genoma de um indivíduo representa a sequência de bases que compõe o seu DNA responsável pelas características fenotípicas. Sequenciar um genoma significa para os pesquisadores prever que características podem se manifestar no indivíduo em estudo.  O processo de sequenciamento é complexo e envolve etapas como: descoberta do tamanho do genoma (número de cromossomos a ser sequenciado), purificação e fragmentação do DNA para ser sequenciado e finalmente anotações do genoma o que significa analisar as seqüências e compreender a função de cada gene estudado.

Perspectivas

O sequenciamento do genoma do mosquito transmissor da malária Amazônica traz boas expectativas para o controle da população do mosquito, uma vez que as seqüências do DNA do A. darlingi podem ser alteradas pela utilização das ferramentas de manipulação genética como por exemplo possibilitar a liberação de mosquitos estéreis no ambiente, identificar genes relacionados à resistência aos inseticidas utilizados nas campanhas de controle, entre outras.

O sequenciamento do genoma do mosquito transmissor da malária Amazônica só foi possível graças a integração dos pesquisadores à Rede Genoma Brasileiro que foi criada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia em 2001 e tem como objetivo integrar as pesquisas sobre genoma em vários laboratórios do Brasil. Os estudos para o sequenciamento do A. darlingi iniciaram em 2007, porém o avanço significativo veio com a aquisição do sequenciador de última geração pelo Laboratório de Bioinformática de Petrópolis-RJ e a ajuda de outros Laboratórios dentro da rede Genoma com alta capacidade de sequenciamento.   A relevante contribuição veio principalmente dos grupos de pesquisas da Amazônia e do exterior com grande capacidade de conhecimento da biologia do A. darlingi o que foi decisivo para conclusão da pesquisa.

O artigo The Genome  of  Anopheles darlingi,  the main neotropical  malaria vector está  publicado  na  Nucleic Acids Research (junho 2013) com impact factor 8.026.

Ascom UFRPE