UFSC – Estudantes com deficiência falam sobre experiências e dificuldades no dia nacional de luta

Nesta quinta-feira, 21 de setembro, ocorreram na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) eventos relacionados ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A Coordenadoria de Acessibilidade Educacional (CAE), da Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades (Saad), e o Conselho Regional de Psicologia (CRP) – este último com o apoio do Núcleo de Estudos sobre Deficiência e o Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) -, realizaram atividades referentes à data. Pela manhã, o CAE promoveu, no miniauditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), as mesas-redondas “Relato de experiência de estudantes com deficiência no ensino superior” e “Relatos sobre práticas docentes acessíveis na UFSC”.

Na primeira conversa estavam presentes os alunos Vinícius Schmidt do curso de Psicologia, Ana Maria Santiago, de Letras-Português, e Kamila Silva, formada em de Pedagogia. Discutiram a inclusão da pessoa com deficiência na UFSC e as dificuldades que encontraram e ainda encontram na universidade. Discutiram sobre o sistema de cotas para deficientes. Vinícius destacou que as cotas geram um ânimo para quem quer cursar na UFSC, mas assim que entra, decepciona-se com as dificuldades que encontra no percurso. Além disso, discutiram sobre a assistência na permanência do aluno, pois além de entrar, é importante mantê-lo na universidade.

Uma indagação, muito pertinente feita pelos estudantes, é de que a coordenação responsável pela melhoria dos acessos e adaptações, não procuram diálogo com os alunos que possuem a deficiência, sendo que eles sabem os pontos importantes para melhorar, pois passam todos os dias por esses problemas. “O que muda de fato? Se nós deficientes nunca fomos chamados para ajudar. A UFSC quer mudar algo, mas não conta com ajuda de quem vive com isso e sabe da sua demanda”, completa Vinícius.

Kamila Silva diz que em toda sua trajetória acadêmica, precisou subir andares para chegar à sala de aula, o que isso é muito ruim, pois tem dificuldades para caminhar.

A segunda mesa-redonda reuniu as professoras Sonali Paula Molin Bedin, do curso de Arquivologia, Maria Sylvia Cardoso Carneiro, da Pedagogia e Bruna Seron, professora de Educação Física.

Sonali conta que desde 2007, que recebeu o primeiro aluno com deficiência, foi muito difícil a adaptação, mas que a cada ano se sente otimista com a evolução dos professores em lidar com a situação de cada aluno. “Sempre buscamos como adequar os estudos para ajudar e fazer o melhor pelo nosso aluno. Reunimos os professores para falar das dificuldades dos alunos e se adequar conforme sua peculiaridade. Se um professor adotou uma prática que funcionou com sucesso, ele passa à outro professor para que se adeque”, diz Sonali.

Maria Sylvia foi professora de Kamila e conta que a experiência a tornou uma pessoa melhor e diz que “são novos olhares que nos faz sair da zona de conforto. Quem foi professora da Kamila, foi modificado e aprendeu muito. Ela dizia que sentia estar incomodando porque era preciso adaptar salas para ela, mas a culpa não e dela, é da UFSC que não está preparada para isso.”

O evento contou com participação do público em geral que discutiu os temas.

O dia segue com eventos até 20h30 e a programação pode ser acessada neste link.

 

Fonte: Site UFSC – Manuella Mariani/Estagiária de Jornalismo/Agecom/UFSC