UFTM recebe ovos de dinossauros de 70 milhões de anos

O acervo paleontológico foi repatriado com o auxílio do DNPM

Em solenidade realizada no Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, a UFTM recebeu, oficialmente, nesta quarta-feira, 11, do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM dois ovos de Dinossauros.  Estiveram presentes, a reitora da UFTM, Ana Lúcia de Assis Simões, o chefe da Divisão de Proteção dos Depósitos Fossilífersos, Felipe Barbi Chaves, representando o Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, a pró-reitora de Extensão Universitária, Valéria Almeida Alves, o supervisor do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, Thiago da Silva Marinho, e o o geólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro.

O retorno dos fósseis para a cidade de Uberaba foi possível graças a um acordo firmado no dia 2 de outubro entre a Universidade Federal do Triângulo Mineiro e o Departamento Nacional de Produção Mineral de Minas Gerais, assinado pela reitora da UFTM,  Ana Lúcia de Assis Simões, e o superintendente do DNPM, Paulo Sérgio C. Almeida, oficializando a cessão por tempo indeterminado dos dois exemplares para compor a coleção do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis da UFTM. “Essa ação sem precedentes nos últimos 70 anos de estudos e descobertas paleontológicas em Uberaba possibilitou que o município pudesse reaver o seu mais valioso patrimônio paleontológico levado de forma inconsequente e ilegalsegundo as normas vigentes propostas pelo próprio DNPM, instituição responsável por fiscalizar e resguardar o Patrimônio Paleontológico nacional”, destaca o geólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro.

Para a reitora Ana Lúcia receber esses exemplares fósseis, únicos no Brasil, que vêm enriquecer o patrimônio da Universidade, é motivo de alegria, orgulho e uma grande responsabilidade, uma vez que ficarão sob a guarda da Universidade, possibilitando novas pesquisas e um maior conhecimento da paleontologia. Esse material também deverá ser disponibilizado para comunidade, despertando o interesse dos jovens estudantes para a área da paleontologia que é tão rica no nosso País, afirmou.

Uma vez identificado que é um material era procedente de Uberaba, da região de Ponte Alta, e tendo a Universidade Federal Triângulo aqui estabelecida com infraestrutura necessária e uma equipe técnica capacitada para desenvolver os estudos, nada mais natural que o Departamento Nacional de Produção Mineral retornasse o material para ficar sob a guarda da Universidade, no seu acervo, disponibilizados para divulgação ao público e, em parceria com outras instituições, a UFTM venha a desenvolver dos estudos, destacou Felipe Barbi Chaves.

Segundo supervisor do CCCP, Thiago Marinho, o próximo passo é responder a perguntar de todos, certificar o há dentro dos ovos, o que será feito por meio de análises mais avançadas. A primeira etapa será a tomografia, que permitirá traçar os próximos passos.

Retrospectiva

No dia 5 de outubro dois ovos de dinossauros, ou seja, o mais completo e bem preservado registro deste tipo de fósseis no país nos últimos 50 anos, retornaram a sua “terra natal”, Uberaba. “Toda esta história bastante curiosa está envolvida em meio a um cenário de mistério e suposições onde o ponto de partida foi a cidade de Belo Horizonte há alguns meses, quando uma pessoa anônima entregou este tesouro da paleontologia brasileira ao Departamento Nacional de Produção Mineral de Minas Gerais – DNPM-MG. A única informação confiável deixada foi o fato de que estes ovos teriam saído das pedreiras de calcário localizadas no Bairro de Ponte Alta, situado a cerca de 30 km a leste da cidade de Uberaba edistante menos de 15 Km de Peirópolis, consagrada nacionalmente por seus sítios paleontológico de onde provém cerca de 11 espécies únicas no mundo, dentre os quais quatro grupos de dinossauros já descritos. Esta não é a primeira vez que Ponte Alta se torna alvo de importantes achados, fato que amplia ainda mais a escala de grandeza e relevância dos sítios fossilíferos inseridos no município de Uberaba, conhecida como a Terra dos Dinossauros do Brasil. Como estas atividades de mineração em Ponte Alta perduraram por quase um século, não é possível se inferir a data, o local exato e a maneira como estes dois espécimes foram recuperados já que existem várias pequenas lavras de calcário margeando o núcleo urbano daquela localidade, relatou o geólogo Luiz Carlos .

“Outra interrogação é como estes exemplares saíram de Uberaba e acabaram por chegar a capital do estado e quando isto teria ocorrido. Sem respostas também fica o porquê do certo doador anônimo em devolver estas duas “jóias petrificadas” medindo cerca de pouco menos de 15 cm de diâmetro. Um destes ovos, o mais completo, tem forma esférica quase perfeita, no qual mais de 90% de sua superfície encontra-se revestida por finas cascas cuja espessura inferior a 1,5 milímetros se encontram geometricamente arranjadas em forma de mosaico constituindo um ovo de cerca de 70 milhões de anos que não chegou a eclodir. Nem mesmo foi achatado pelo peso das rochas sobrejacentes que sepultaram a provável ninhada fato recorrente em outros países onde existem este tipo de fósseis já que são muito delicados e qualquer peso ou movimentação os fragmentaria em centenas de pedaços. Esse achado poderá com alguma sorte, se transformar em um marco para o estudo dos dinossauros do Brasil, talvez a chave para revelar o primeiro embrião fossilizado já descrito no país. Isto tornaria a descoberta ímpar, sensacional, tanto na esfera científica por aportar valiosos e volumosos dados acerca destes dinossauros, provavelmente ampliando a biodiversidade dos grupos já descritos além de trazer a luz do conhecimento uma série de informações até então desconhecidas pela ciência do país. Não menos importante é o aspecto museológico deste fóssil o que potencializará o geoturismo em Peirópolis tornando-se sem dúvida no exemplar destaque na futura mostra do Museu dos Dinossauros, que até o momento já recebeu mais de 1,2 milhões de turistas de mais de 1100 municípios de todos os estados da federação e 50 países. Os ovos sempre despertaram grande interesse e atratividade no imaginário das pessoas, pois como explicar filhotes de poucas dezenas de centímetros nascidos o que dezenas de anos após se transformariam em gigantescas criaturas de até 24 m de comprimento por 8 de altura como é o caso do maior dinossauro do Brasil o Uberabatitanribeiroi descrito no ano de 2008”, finalizou.

ACS – Universidade Federal do Triângulo Mineiro