UFU – Estagiários de Engenharia Biomédica contribuem com manutenção de equipamentos no Hospital de Clínicas

Ventiladores pulmonares são essenciais para o tratamento da covid-19

“Damos prioridade à manutenção dos equipamentos de proteção à vida. É um momento marcante. Estou aprendendo a trabalhar em equipe, e não só com as máquinas”. Esse é o relato de Tayanne Costa Silva, estudante de Engenharia Biomédica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), sobre a experiência de realizar estágio no setor de Bioengenharia do Hospital de Clínicas (HC-UFU). Ela está há um ano no local, que também conta com outros sete estagiários de graduação. Esses estudantes decidiram permanecer no estágio presencial, mesmo com o calendário da UFU suspenso, para auxiliar nesse momento de crise da covid-19.

O setor de Bioengenharia do HC-UFU é responsável, entre outras atribuições, pela gestão de equipamentos médico-assistenciais. Com mais de quatro mil equipamentos, a demanda de manutenções corretivas e preventivas é grande. Em tempos de pandemia da covid-19, o ritmo de trabalho está mais intenso para garantir que todos os equipamentos do hospital estejam em plena condição de uso. “Eu chego às 7 horas da manhã. A primeira coisa que faço é abrir o sistema de ordem de serviço da Bioengenharia, para verificar se há pedidos de manutenção”, explica Silva sobre a sua rotina.

No sistema de gestão de manutenção, os funcionários do Hospital de Clínicas da UFU abrem a ordem de serviço para o equipamento que precisa de manutenção e descrevem o problema apresentado. Os estagiários têm atenção redobrada aos equipamentos essenciais para o combate ao coronavírus, como monitores e ventiladores pulmonares.

Silva conta que a equipe de Bioengenharia se esforça para devolver o equipamento funcionando em um dia. Entretanto, essa rapidez nem sempre é possível. “Levamos o equipamento ao setor de Bioengenharia para testá-lo. Depois de detectar os defeitos, corrigimos, por exemplo, com a substituição de peças. Higienizamos as máquinas com álcool 70% e detergente, em local apropriado”, afirma.

Com a força-tarefa realizada pelos funcionários e estagiários, os resultados já podem ser sentidos. “No momento não temos nenhum respirador parado e já iniciamos ações preventivas, como troca de alguns kits e calibração nos equipamentos, para que todos funcionem em sua total capacidade”, explica o gerente do setor de Bioengenharia da UFU, Marcos Ferreira Rezende.

A professora Selma Terezinha Milagre, do curso de Graduação em Engenharia Biomédica da Faculdade de Engenharia Elétrica (Feelt/UFU), fala sobre a importância do preparo do Hospital de Clínicas para lidar com novas demandas: “novos ventiladores e outros equipamentos serão enviados pelo Ministério da Saúde, para auxiliar no tratamento dos pacientes com covid-19, o que levará à necessidade de recepção e testes desses equipamentos”.

Rezende também ressalta a importância do trabalho em equipe: “os estagiários executam uma série de atividades e, neste momento, representam uma contribuição essencial para que o setor consiga abarcar as manutenções cotidianas do HC e o aumento da demanda devido ao planejamento e atendimento à covid-19”.

A Bioengenharia na UFU

A parceria do Hospital de Clínicas com o curso de Engenharia Biomédica existe desde 2009 e proporciona uma experiência prática aos alunos. As atividades envolvem manutenção preventiva e corretiva, calibração, montagem de especificação de equipamentos e ações administrativas e de gestão, como acompanhar indicadores de produtividade, entre outras.

Além disso, a iniciativa já rendeu vários trabalhos acadêmicos. Rezende conta que, ao longo destes 11 anos de parceria, já passaram pelo setor de Bioengenharia mais de 90 estagiários e foram defendidas 10 dissertações de mestrado, uma tese de doutorado, 29 trabalhos de conclusão de curso, 34 artigos apresentados em congressos e três publicações em revistas especializadas.

A professora Milagre é a atual coordenadora de estágio da graduação em Engenharia Biomédica e ressalta que a Engenharia Biomédica aplica métodos das áreas de Ciências Exatas e de Engenharia no campo das Ciências Médicas e Biológicas.  De acordo com a professora, o engenheiro biomédico tem atuação ampla.

Esse profissional pode atuar, por exemplo, no desenvolvimento de equipamentos na área da saúde, tanto para diagnóstico de doenças quanto para o tratamento, desenvolver ferramentas para melhorar a análise de imagens médicas e de sinais biológicos, criar ferramentas para reabilitação, avaliar novas tecnologias a serem utilizadas em saúde, realizar a gestão de equipamentos médico-assistenciais em estabelecimentos de saúde.

No Brasil, existem poucos cursos de graduação em Engenharia Biomédica. Por isso, a professora Selma Milagre considera que a importância do curso não é só para Uberlândia, mas sim para todo o Brasil. “Nossos estudantes e pesquisadores estão atuando em várias regiões do país. Especificamente neste momento de enfrentamento da covid-19, a Engenharia Biomédica está atuando na fabricação de máscaras, manutenção de equipamentos, auxiliando a Bioengenharia do HC-UFU e avaliando novas tecnologias, tais como equipamentos modificados, novos tratamentos e novos diagnósticos. A atuação da Engenharia Biomédica na área de saúde, às vezes, não é percebida, pois ela trabalha na base do sistema de saúde, mas é essa base que sustenta toda a evolução na área da saúde e os estabelecimentos de saúde”, conclui.

Em média, 10 vagas de estágio são disponibilizadas semestralmente para alunos de Engenharia Biomédica na Bioengenharia do Hospital de Clínicas; outras cinco vagas são ofertadas para outros setores do HC-UFU. Existem duas formas de ingresso: por meio de edital público de estágio obrigatório disponibilizado no site da UFU semestralmente; ou pelo edital público de estágio não-obrigatório disponibilizado no mesmo portal de acordo com demandas dos setores do HC-UFU.

 

Fonte: UFU