UnB – Alunos em vulnerabilidade participam de programa de empreendedorismo

Estudantes moradores da CEU integram iniciativa de capacitação para o mercado. Atenção com assistência estudantil é prioridade na instituição

No segundo semestre de 2018, cerca de 300 estudantes da UnB estão recebendo capacitação para o mercado de trabalho. A Universidade aderiu ao Programa Empreendedor do Futuro, voltado justamente a universitários e graduados, entre 18 e 29 anos, que buscam inserção no mundo profissional.
A Diretoria de Desenvolvimento Social do Decanato de Assuntos Comunitários (DDS/DAC) incentivou um grupo específico de estudantes a participar do projeto. São 20 alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, moradores da Casa do Estudante Universitário (CEU) da UnB.

Diretor da CEU, Rafael Zonta explica que a atenção a esse público foi pensada como uma alternativa para que o estudante que hoje recebe auxílio da assistência estudantil tenha mais chances de garantir sua presença no mercado produtivo. “Por causa das diferenças sociais, a inserção desse público no mercado é historicamente mais difícil”, aponta.

Apesar do título da iniciativa, o foco do projeto é preparar os alunos para uma experiência no mercado de trabalho, seja ela efetivamente voltada ao empreendedorismo, como a abertura de uma startup, ou mesmo a atuação no serviço público. A prioridade é que os alunos estejam preparados para serem profissionais inovadores dentro de suas áreas.

As aulas da turma atual começaram no mês de agosto, com um encontro presencial. Depois, todo o conteúdo tem sido ministrado a distância, organizado em módulos. No mês de novembro, deve acontecer a última aula presencial, encerrando o curso. A ação é uma parceria da Universidade de Brasília com o Instituto Brasil Adentro e a Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do Governo de Brasília.

PORTAS ABERTAS – Uma das alunas é Ingrid de Souza Barbosa, estudante do curso de Administração. Ela conta como o aprendizado lhe forneceu meios para se desenvolver dentro de sua própria área de formação. “Aprendi sobre mecanismos de empreendedorismo, sobre como fazer contatos, buscar meios de montar o próprio negócio. Me deu uma base de como elaborar projetos para oferecer para empresas.”
Para Ingrid, os esforços da Universidade em viabilizar a permanência de alunos em vulnerabilidade têm grande importância. Ela entende que possibilitar a participação desse público no curso de capacitação demonstra interesse no êxito do estudante, mesmo após a graduação. “A gente não tem oportunidade de muita coisa, então qualquer projeto que a UnB puder fazer pra gente é muito bem-vindo, justamente para fazer a gente crescer e se inserir no mercado de trabalho”, avalia.

Nas aulas do programa, são abordados temas, como autoconhecimento, planejamento de projetos, design thinking(conjunto de métodos e processos que avalia necessidades, capacidade de propor soluções e viabilidade da proposta), design de serviços, pesquisa de mercado, etnografia (coleta de dados) aplicada a projetos e pitch (apresentação rápida) para investimento.

PLANOS – As ações assumidas pela UnB estão de acordo com o Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), regulamentado pelo Decreto n° 7234/2010. O programa tem como finalidade ampliar as condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal, além de buscar reduzir as desigualdades sociais e assegurar o acesso, a permanência e o êxito.

O diretor da CEU, Rafael Zonta, antecipa que já existem outros projetos em desenvolvimento, visando preparar o público da assistência estudantil para a fase pós-universitária.

“Queremos formar turmas de estudos para concursos, com disciplinas básicas que normalmente são cobradas pelas bancas examinadoras. A ideia é que estudantes com estes conhecimentos específicos e interesse em receber horas curriculares dentro dos seus cursos possam ministrar esses conteúdos”, detalha.

A nova iniciativa ainda não tem data para tornar-se realidade, mas o gestor garante que não falta motivação. “A maior recompensa para a instituição, ao meu ver, é ter seus ex-alunos atuantes no mercado”, opina.