UNIR integra gabinete de crise para monitorar invasões em áreas indígenas

Detentora de um amplo conhecimento da realidade vivida pelas comunidades indígenas, acumulado desde a implantação em 1998 do Programa de Formação de Professores Indígenas, denominado Projeto Açaí, e em 2006 do curso de licenciatura intercultural no campus de Ji-Paraná, a Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) é uma das partícipes da união de esforços institucionais promovida pelo Ministério Público da União (MPU) visando à superação da crise decorrente da presença de invasores na área indígena Uru-Eu-Wau-Wau.

Recentemente foi notícia em rede nacional de televisão a presença de cerca de quarenta posseiros, todos armados, dispostos à ocupação da área indígena, gerando a iminência de um conflito, uma vez que os índios se mostram dispostos a enfrentá-los. Foi para solucionar essa crise, que o procurador da República Daniel Azevedo Lôbo, chefe do MPU em Rondônia, conclamou instituições como a UNIR, a seção rondoniense da Ordem dos Advogados do Brasil e a Polícia Federal, dentre outras, a uma reunião realizada nessa segunda-feira, 14, na qual a UNIR foi representada pelo professor do Departamento de Ciências Jurídicas (DCJ) e advogado do Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) Gustavo Dandolini, por indicação do vice-reitor no exercício da reitoria, professor doutor Marcelo Vergotti, entendendo que todos os esforços possíveis devem ser implementados para que não haja nenhum tipo de enfrentamento armado entre indígenas e posseiros, com a resolução da crise de maneira pacífica.

De acordo com as informações trazidas à reunião, os índios falam em reagir, havendo assim a ameaça de conflito. A proposta é de que as instituições atuem conjuntamente, assegurando não apenas que o conflito armado seja evitado, mas também que se construa uma solução efetiva para o problema. O procurador da República Daniel Lôbo afirmou que vai ver se consegue o apoio do Governo do Estado, para que a Polícia Militar apoie a Polícia Federal, já que esta não conta com efetivo suficiente para ações dessa natureza.

Além da dirigente da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Ivaneide Bandeira, e de líderes da etnia Uru-Eu-Wau-Wau, também se fizeram presentes representantes dos caritianas e o caripunas, tendo sido abordados os problemas vividos, em um contexto bastante semelhante, em face da invasão das respectivas áreas indígenas por madeireiros e outros exploradores ilegais dos recursos naturais encontrados nessas porções territoriais, bem como os interessados em implantar novas áreas de expansão da pecuária e da sojicultura.

Os índios Uru-Eu-Wau-Wau relataram que os invasores se encontram armados e têm feito seguidas ameaças ao cacique e outras lideranças. Um aspecto ressaltado foi o fato de que é a primeira vez que uma ação de invasão de terra indígena e operada de forma tão ostensiva, já que de outras vezes os invasores sempre agiram adentrando a área onde seus limites não são muito nítidos. Desta vez estão sendo mais ousados, posicionando seus acampamentos próximo ao local em que se encontra a placa com a identificação da área.